quarta-feira, janeiro 17, 2007

AFINAL JOAO PINTO DEVE

NOTICIA RETIRADA DO SEMANÁRIO EXPRESSO 12.01.07


Os investigadores estão a seguir o rasto do dinheiro que saiu do Sporting e terá passado pela sociedade Goodstone, com sede em Inglaterra, até chegar a João Pinto. Além da fraude fiscal, o jogador e o empresário José Veiga são suspeitos do crime de branqueamento de capitais.
O clube acordou pagar cerca de 4,2 milhões de euros quando contratou João Pinto em 2000, após o jogador ter rescindido com o Benfica. E fez três pagamentos até 2002, um por cheque e dois por transferências bancárias para o Barclays de Londres em nome da sociedade Goosdtone. O valor total foi de 3,4 milhões de euros.
Mas falta saber em que ano recebeu João Pinto esse dinheiro nas contas pessoais e a que título lhe foi pago. Como prémio, salário ou comissão? Sem a resposta a estas e (muitas) outras perguntas é impossível apurar se o Estado ainda pode ou não receber o imposto devido – quer pelo jogador, quer pelo clube. Porque o tipo de taxa em causa varia consoante o cenário.


Comentário:

Esta noticia, não sendo das mais recentes, continua a ser bastante interessante pois, vão surgindo aos poucos novos dados que, nos vão ajudando a perceber melhor o modo como se fazem os negócios na denominada indústria do futebol, bem como o carácter dos seus intervenientes.
O mundo do futebol parece ser um mundo à parte, com leis próprias e, onde vigoram acordos de não se recorrer a tribunais civis para resolver qualquer diferendo, uma vez que não estão habilitados para tal, dizem os entendidos.
Da bola percebem os homens que lá andam todos os dias e já há muitos anos, e por isso são eles que resolvem os seus problemas e, são os seus tribunais que aplicam os castigos e as sanções aos prevaricadores. Era só o que faltava serem os tribunais civis, cá fora, a julgar o futebol.
Assim se tem vendido o chamado Desporto-Rei, neste País à beira-mar plantado, nos últimos anos.
Há já alguns anitos, alguém ligado ao futebol (não me lembro quem foi) disse:
Em futebol o que é verdade hoje é mentira amanhã.
Creio que foi mais ou menos por esta altura que, os tais homens da bola começaram a abandonar o conceito do desporto e dos valores por que este se rege, para iniciarem o alargamento do profissionalismo no futebol também aos seus dirigentes, uma vez que eram eles a movimentar a pesada máquina, e isso já não era possível fazer com directores amadores, nem com jogadores que tivessem amor à camisola, e muito menos com os chamados valores a comandarem a actividade.
Surgiu então a indústria do futebol, com muito dinheiro e pouca moralidade onde só interessam os resultados, não tendo, por exemplo, qualquer importância o facto de o árbitro influenciar propositadamente o resultado.

Esta história, poderia muito bem servir como argumento a uma qualquer novela da TVI, uma vez que nos é contada aos poucos, ou seja, por episódios, no elenco há bons (?) e maus, sendo que alguns até não têm escrúpulos nenhuns (como se exige a qualquer novela que se preze), e chega mesmo ao ponto de haver crime.
Temos dirigentes (profissionais) que apresentaram um novo jogador (por acaso até era uma estrela do rival) e, imagine-se, a custo zero, disseram eles aos sócios nessa altura. Palavras bonitas, aliadas a comportamentos pouco correctos, pois, nos dias de hoje vem-se a saber que emitiram ordens de transferência para pagar não se sabe bem o quê, nem a pedido de quem, a uma sociedade ao que parece inglesa mas, de propriedade desconhecida.
Esses dirigentes e outros (os de hoje), têm-nos contado esta história aos bochechos, hoje de uma maneira, amanhã de outra, mas, verdade seja dita, tanto nos têm ocultado dados a nós através da comunicação social como (ao que parece) à polícia nos vários interrogatórios.
Há outra coisa em comum nestes conceituados cavalheiros do dirigismo desportivo, tanto os de agora, como os da altura, demonstram ter algumas dificuldades ao nível da fiscalidade, uns porque “desconhecem” mesmo que existem impostos para pagar, outros porque, como conhecedores que são da matéria, fazem interpretações da legislação sempre de forma dúbia, e de maneira a não se pagar nada ao Estado, até porque, dizem eles, se alguém tem a pagar alguma coisa é o Estado, por causa do serviço público que os clubes prestam, blá blá blá … blá blá blá.

Depois temos um senhor que não é director, não é jogador, mas o seu negócio é o futebol, ele é empresário de futebol. No fundo a sua actividade é, a de representar jogadores e clubes, fazer a intermediação nos negócios e na elaboração dos contratos e como é obvio, usufruir de uma comissão.
Acontece que, neste caso (diz ele) exerceu a sua actividade, mas, a título de amizade e não de empresário.
Estava lá como amigo do jogador a ajudá-lo na mudança de casa, e todos nós sabemos que esta coisa de ajudar nas mudanças dá muito trabalho, mas, não fica bem cobrar dinheiro por esse serviço que, embora seja o dele … bolas … é um amigo.
Aqui não há qualquer dificuldade de interpretação fiscal. Não houve rendimento, logo não tem de haver imposto a liquidar…
Resta esclarecer a titularidade da tal sociedade para onde foi o dinheiro e … pronto fica tudo bem.
Quanto a mim este senhor já deveria ter sido avisado que o bom senso manda não menosprezar a inteligência dos outros.

Finalmente temos a estrela ou, até pela sua estatura física e moral, a estrelinha da nossa novela, o jogador de futebol João Pinto.
Como era bom de bola, os adeptos foram-lhe perdoando as intrigas de balneário, as agressões a colegas de profissão e a árbitros. Iremos ver se esta atitude perdulária, será para continuar agora, ao terem conhecimento que, da mesma forma que tem espalhado por esses campos o perfume do seu futebol, João Pinto é também mestre na arte de manejar o esconder da verdade, tendo as suas declarações às autoridades vindo a ser constantemente alteradas, ao ponto de já ter confessado que mentira em interrogatórios anteriores, sendo agora constituído arguido no processo.
O que não sabia dantes, agora parece já saber, o dinheiro que nunca tinha recebido, afinal consta ter ido parar á sua conta bancária e o que falta receber, está titulado por cheques pré-datados que estão em sua posse.
Os conselheiros fiscais da estrelinha, talvez por só verem por o prisma da carreira do jogador ser tão curta que justifica a isenção ou o desconto nas contribuições, também não terão analisado da melhor forma o negócio, uma vez que (parece ser opinião unânime) houve rendimento, o que, implicava liquidação de imposto.
Comportamentos que em nada dignificam quem por diversas vezes representou o País, e quer ser reconhecido como exemplo de desportista.

Em suma, dirigentes, empresário e jogador, não são mais do que a consequência da substituição do futebol como desporto pela indústria do futebol. Esta nova cultura organizacional pensa o futebol e os negócios que o envolvem em termos de eficácia e produtividade, onde só há lugar para os números. As histórias, os símbolos e os valores pelos quais o futebol desporto se regia, não cabem nesta nova cultura, pelo que estes intervenientes nos negócios da bola são totalmente desprovidos de bons princípios, ou de quaisquer normas ou códigos de conduta. Contrariamente ao que seria de supor, uma vez que o futebol é um jogo de equipa, estes senhores só olham para o seu umbigo, demonstrando não serem capazes de compreender o que deve ser viver em sociedade, mas ao mesmo tempo mostram-nos ser os mais hábeis a sacar da sociedade todo o tipo de regalias.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.