quinta-feira, janeiro 18, 2007

Negligência Médica

Situações de negligência grave terão estado na origem da morte da menina de 11 anos que, em Janeiro passado, deu entrada no Hospital Amadora-Sintra para uma simples operação às amígdalas. A administração de um medicamento com uma concentração elevada terá sido a causa da morte de Ana Raquel. Ao que o DN apurou, a administração do hospital e todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência à criança vão ter de responder criminalmente, podendo ser acusados de homicídio involuntário. A Procuradoria-Geral da República já recebeu o relatório final da Inspecção-Geral da Saúde (IGS).
Ana Raquel foi internada no Fernando da Fonseca a 9 de Janeiro de 2004 para ser submetida a uma cirurgia às amígdalas. Depois da operação, que se prolongou por duas horas, a menina entrou em estado de coma profundo, acabando por falecer três dias depois. Dez meses após a morte, surgem as primeiras conclusões excesso de bicarbonato de sódio terá provocado a morte.O documento da Inspecção-geral de Saúde refere mesmo que há uma responsabilidade objectiva do hospital. Contudo, caberá ao tribunal apreciar o caso e decretar as eventuais penas.
De acordo com as investigações conduzidas pelos quatro médicos, durante o internamento terão ocorrido situações concorrentes de negligência médica que levaram à morte da criança. Ou seja, os indícios recolhidos - que privilegiaram provas documentais e testemunhos - apontam para uma sucessão de falhas médicas nos cuidados prestados à criança, inclusive durante o pós-operatório.
O conselho de administração e todos os técnicos de saúde que prestaram cuidados à criança vão ter de responder criminalmente.
Logo após a morte de Ana Raquel, a administração do Hospital Amadora-Sintra emitiu um comunicado, no qual «lamentava profundamente o trágico acontecimento» e anunciava a abertura de um inquérito interno «para esclarecimento e apuramento de todas as responsabilidades». Mas, poucas semanas depois, a investigação terminava de forma «inconclusiva».

Aos pais da Ana Raquel apenas chegou a conta para pagar da reanimação a que a criança foi submetida após ter sido operada.

Fonte: http://dn.sapo.pt/2004/11/07/sociedade/negligencia_grave_mata_crianca_11_an.html

Comentário:

Na minha opinião, a negligência médica devia acontecer cada vez menos, uma vez que a evolução da medicina deveria significar que as pessoas estão cada vez mais qualificadas para executarem os seus cargos.
Eu sinceramente, acho que os médicos deveriam ser as pessoas que mais cuidado deviam ter em tudo o que fazem e em todas as atitudes que têm, uma vez que as vidas de todos nós dependem deles e, até mesmo as suas vidas dependem do cuidado que têm. Todos nós nos vemos obrigados a confiar nos médicos mas todos os dias ouvimos notícias sobre negligência médica e isso deixa-nos a todos muito inseguros quanto ao que nos espera no momento em que tivermos doentes e tivermos que nos “entregar” nas mãos de um médico e pensar “será que vamos acordar?”.
Sempre ouvimos falar das tais “operações simples”, como uma operação ao apêndice e até mesmo às amígdalas, como foi o caso da Ana Raquel, e isso leva a que as pessoas pensem que essas operações exigem menos cuidados ou que por serem simples não haja risco de correrem mal, mas os médicos deveriam saber que nem sempre é assim e deveriam ser os primeiros a ter cuidado e tomar precauções porque têm as vidas de outras pessoas à sua responsabilidade.
No caso da Ana Raquel, houveram demasiadas falhas para uma operação só, como o excesso de bicarbonato de sódio, que ao que parece foi a principal causa da morte da criança. Também no pós-operatório houveram muitas falhas e os cuidados, ao que parece, foram muito poucos. É necessário ter todos os cuidados para que uma operação corra pelo melhor mas o pós-operatório é uma das fases mais importantes, pois é decisivo para a recuperação do paciente, isto é, é o início de uma possível recuperação.
É certo que esta é também uma profissão complicada e de muita responsabilidade e por isso mesmo há-que saber, com toda a certeza e cuidado, o que se está a fazer.
Na minha opinião, acho que é muito triste estas situações continuarem a acontecer. Acho também que é complicado para os pais desta criança receberem, em casa, uma carta, a exigir o pagamento da reanimação da filha, depois do falecimento desta. Ou seja, têm que pagar mas não têm o direito de saber ao certo o que aconteceu à filha.
Ao que parece o(s) médico(s) em questão não foram punidos pelo que aconteceu, mas seria bom, que a falta de responsabilidade demonstrada fosse punida para tentar-mos acabar de vez com a questão da negligência. É pena que os médicos, por mais asneiras que façam, continuem a exercer a sua profissão e a pôr, de certa forma, as vidas de todos nós em risco. Depois de ouvir estas noticias como é que vamos conseguir confiar as nossas vidas a alguém?
Só posso concluir que é muito injusto não haver quem se responsabilize quando estas situações acontecem, acho que, no mínimo, estes médicos deviam responsabilizar-se pelo que aconteceu. Essa atitude seria, certamente, muito mais importante do que uma possível indemnização, porque o dinheiro pode pagar muitas coisas mas nunca a vida de um filho, ou de qualquer outro Ser Humano.

2 comentários:

Tevez disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tevez disse...

Resolvi comentar esta noticia sobre negligencia medica pois, de acordo com a minha opinião, muitas vezes os médicos tomam este tipo de operações, consideradas simples, de animo demasiado leve, quando de antemão sabem que as tais operações simples não existem, e que qualquer operação traz consigo riscos para o paciente, que podem levar a problemas de saúde como também podem levar a morte do mesmo.
De acordo com o código deontológico tanto dos médicos como dos enfermeiros, são ambos obrigados a prestar os melhores cuidados possíveis aos seus pacientes (de acordo com artigo 23º do código deontológico dos médicos e do artigo 76º do código deontológico dos enfermeiros).
São profissionais licenciados que têm obrigação de estar (de acordo com os códigos deontológicos), tanto mental como psicologicamente, preparados para o exercício da sua actividade e de ter também os conhecimentos suficientes para exercer a mesma.
Regra geral, os médicos são profissionais nos quais devemos acreditar, pois obedecem a um código de ética, no qual se privilegia a assistência ao paciente, com os melhores meios, tanto pessoais como materiais. Algo que, após a leitura deste artigo é questionável.
Sabe-se que médicos e enfermeiros, que trabalham em hospitais, muitas vezes descuram o seu próprio código de ética, quer por razões próprias, quer por falta de meios (que é uma realidade na maior parte dos hospitais do nosso país) mas neste caso não é o material que os médicos têm a disposição, nem a falta de pessoal qualificado para prestar a na sua actividade que esta em causa, o que esta em causa é a negligencia medica, que mais não é do que uma violação ou inobservância de uma regra, que produz dano aos direitos/vida de outros, por negligência, imprudência ou imperícia, é a de falta de cuidado objectivo, ou seja é um erro não propositado, que não deveria acontecer.
Este erro não deveria acontecer, mas como se vê no caso de Ana Raquel, houve negligência médica. Segundo o relatório da Inspecção-Geral da Saúde, Ana Raquel faleceu devido a um excesso de bicarbonato de sódio, e também segundo a noticia houve negligência no pós-operatório.
Este é um caso em que, o que se passou, é quase impensável pois é de esperar que se houve um erro na operação, o pessoal responsável pelo mesmo erro tivesse o cuidado que nada mais acontecesse. Como podemos ver na notícia tal não aconteceu, pois também no pós-operatório houve indícios e testemunhas, que comprovavam que também aqui ocorreram erros.
Quando uma pessoa está para ser operada, espera que nada de mal lhe aconteça (principalmente naquelas supostas operações), e que não haja nenhuma falha quer durante a sua operação como após a realização da mesma.
Tanto médicos e enfermeiros devem sempre prestar cuidados aos doentes com o máximo de atenção, conforme lhes são regulados pelos seus códigos deontológicos, sem haver descuidos ou desconcentrações no cuidado dos doentes, pois sabem bem que esses descuidos/desconcentrações mesmo que sejam leves podem levar a complicações, podendo mesmo o doente perder a vida por terem acontecido tais factos.
Como foi comprovada a negligência médica pelo relatório final da Inspecção-Geral da Saúde, é de esperar que o pessoal que esteve incluído nessa operação seja repreendido, que lhe sejam instaurados processos judiciais (quer pela ordem do médicos, ordem dos enfermeiros, e por quem regule a actividade dos auxiliares presentes na operação), para que quem errou responda pelos seus erros.
Na minha opinião, os pais de Ana Raquel não deveriam pagar a conta que o hospital lhes apresentou pela tentativa de reanimação, estes deveriam é apresentar queixas as Ordens respectivas do pessoal envolvido na negligencia medica, para que tenham o conhecimento de quais os erros cometidos no decorrer da operação de Ana Raquel e do que aconteceu depois da operação, podendo mesmo pedir uma indemnização nem que fosse só pelos gastos com o funeral da Ana Raquel, já que é impossível para os pais definir um preço pela vida da filha.
Considero uma hipocrisia o facto do hospital ter apresentado a conta pela tentativa de reanimação, quando o que deveria era ter dado uma explicação sobre o que aconteceu na operação de Ana Raquel.
O inquérito interno para esclarecimento e apuramento de todas as responsabilidades, que a administração do hospital levou a cabo, terminou poucas semanas após a sua instauração, isto mostra que o hospital também deve ser considerado culpado, pois se dez meses após a morte de Ana Raquel, o relatório da Inspecção-Geral da Saúde denuncia que houve negligencia médica (na operação e também no pós-operatório), logo se passados dez meses da morte de Ana Raquel se consegue descobrir a negligencia, passadas umas semanas após a sua morte deveria ser ainda mais fácil determinar culpados e o que teria acontecido a Ana Raquel.
Isto mostra que muito do pessoal presente na operação de Ana Raquel, têm as “costas quentes” já que com tanto disparate que aconteceu, ninguém foi considerado culpado nem punido, exercendo até ao momento a sua actividade, sem se saber se estará a cometer mais erros que possam custar a vida/saúde de quem estiver ao seu cuidado, o que vêm a mostrar que o facto de os processos serem instaurados pelo Conselho Jurisdicional Regional (como é o caso da Ordem dos Enfermeiros), pode fazer com que a decisão seja influenciada, pelo facto de existir possibilidade de se conhecer o arguido do processo.
Tudo isto leva-nos a pensar, será que quando nos sujeitamos a tratamento médico, teremos a prestação dos melhores cuidados possíveis por parte do pessoal médico ou estaremos nos em risco? Pois estes casos continuam a acontecer, e mesmo que nos últimos tempos já não se ouve falar muito de negligência médica não quer dizer que ela não continue a existir.
É esta a pergunta que deixo por responder.

Pedro Revez
(o 1º comentário foi apagado por impossibilidade de editar o mesmo)