terça-feira, janeiro 16, 2007

A Ética é Competitiva

A ÉTICA não pode ser vista como um entrave para as empresas mas antes como um factor de competitividade, sustenta José Roquette, que esta semana apresentou uma proposta para um «Código de Ética dos Empresários e Gestores», um projecto desenvolvido no âmbito da Associação Cristã dos Empresários e Gestores de Empresas (ACEGE).
«A pressão para que surja uma perspectiva ética do modelo social das empresas dura há alguns anos. Não é um movimento muito recente. O que é recente é verificar que isso promove a competitividade das empresas e é um factor positivo, e não um colete de forças», disse. «Cada vez mais se assume que, mesmo nos casos em que há algum envolvimento em termos financeiros, não são custos, não são despesas, são claramente investimentos».
Roquette esclarece, no entanto, que apesar da proposta partir da ACEGE, este não é um Código só para empresários cristãos. «A ética é um valor universal, não é monopólio da confissão religiosa A ou B. A ética é perfeitamente visível e assimilada por um agnóstico».
Por isso, a proposta de Código de Ética vai ser apresentada às associações empresariais e aos sindicatos, passando entretanto por um período de reflexão até Setembro, altura em que será debatido no Congresso da ACEGE. O grupo de trabalho que elaborou a proposta era constituído por Roquette, Lobo Xavier, António Pinto Leite, João Carlos Espada, César das Neves, José Manuel Moreira e Mário Pinto.
Um dos princípios do Código defende que os empresários e gestores devem «ponderar os impactos sociais e humanos em todas as decisões de deslocalização de negócios, não absolutizando como critério de decisão a optimização dos investimentos». Mas também há referência à necessidade de promover uma concorrência «leal e honrada», não abusar de uma posição dominante no mercado e lutar activamente contra todas as formas de corrupção, activa ou passiva. Evitar todas as formas de abuso do poder, procurar proteger as pessoas mais frágeis e desenvolver uma publicidade que seja verdadeira, rejeitando a publicidade degradante, indigna, manipuladora ou abusiva, são outros aspectos.
No que toca às relações com o Estado, a ACEGE defende que se deve lutar activamente contra todas as situações de fraude fiscal, não praticam qualquer acto económico à margem da lei, nem influenciar de modo ilegítimo a decisão política, «nomeadamente não financiando à margem da lei os partidos políticos ou participando em actos de corrupção de decisores públicos».
Na acção empresarial, o código sustenta que os colaboradores devem ser informados, de forma adequada e honesta, sobre a vida da empresa, que devem ser oferecidas condições de trabalho que respeitem a dignidade e a saúde dos colaboradores, possibilitando oportunidades de formação que desenvolvam as suas competências e capacidades, além de dever ser estabelecida uma remuneração justa. Há também uma recomendação aos titulares e responsáveis dos meios de comunicação social, para que façam um uso equilibrado do poder de que dispõem, não devendo fazer uso de informação sob segredo de justiça.
A ética representa também um valor acrescentado e competitivo quando se consegue uma coincidência entre o projecto da empresa e o projecto de vida dos colaboradores.
«Quando existe sintonia, e quando há entendimento e ajustamento, há efeitos de sinergia tremendamente importantes, porque as pessoas estão envolvidas. E essa é a grande diferença entre as empresas de ambição média e as que apresentam uma capacidade competitiva muito elevada», sublinhou Roquette.

Fonte: semanal.expresso.clix.pt/2caderno/economia/artigo.asp?edition=1646&articleid=ES132845

Comentário:

Globalização. Concorrência. Sucesso empresarial.
De que forma conjugar o contexto externo (caracterizado pela globalização) com as variáveis internas, fazendo face à concorrência e maximizando o lucro?
De que modo se pode obter sucesso empresarial? Em que se traduz o sucesso empresarial?
A deslocalização de empresas, a mobilidade de conhecimentos (de umas empresas para outras) característica de um clima de concorrência podem conduzir a problemas de ordem ética.
Emergem questões e paradigmas, questionam-se os limites e as implicações desta concorrência. Deslocalizando, reduzindo custos, permite a produção de bens mais competitivos. Porém, leva também a que famílias fiquem sem rendimentos, criando instabilidade social e apelando à intervenção da sociedade (seja através do Estado, seja através de outras instituições sociais) na resolução e estabilização.
Quando alguém abandona a empresa onde se encontra, transferindo-se para a concorrência, estamos na presença do funcionamento, sob a forma mais pura, de economia de mercado. Porém, que tipo de conhecimentos e a que escala irá utilizar o que aprendeu para aplicar na concorrência.
Num Estado laico, onde as regras são conhecidas e os critérios assim como processos também o são, o processo produtivo deve ser o mais transparente possível. Porém, tal não ocorre. Frequentemente são conhecidos casos de favorecimento e de corrupção o que conduz à falta de credibilidade.
A ética é portanto importante nos dias actuais. Se no passado, a ética era parte integrante dos agentes do processo produtivo, hoje parece adormecida. Uma vez que vivemos em sociedade e que precisamos de viver em comunidade, é fundamental para a nossa sobrevivência fomentar comportamentos e condutas que pensem em nós e no nosso comportamento com os outros.
Surge então o debate de como conciliar estes comportamentos e condutas de modo a obter o máximo lucro, os menores custos, ou seja, o sucesso empresarial. Não existe uma fórmula correcta. Os modelos em causa, são sobretudo de ordem social. E, a componente social não é possível (até ao momento) de matematizar.
A solução é por isso debater de modo a atingir um consenso onde as partes envolvidas estão satisfeitas.

Filipa Zambujal
nº4035

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.