quinta-feira, janeiro 18, 2007

Orçamento necessário?

"Os sociais-democratas apresentaram um orçamento para a campanha do referendo sobre o aborto de meio milhão de euros de despesas, ou seja, praticamente o mesmo que os socialistas se dispõem a gastar. Mas, enquanto o PS está envolvido na campanha pelo "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, o PSD não tem posição oficial sobre o tema. E de iniciativas agendadas sobre a matéria, além dos tempos de antena, apenas está a conferência nacional sobre o aborto, que se realiza sábado no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.Dado curioso dos orçamentos disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) no seu site é o facto de o PCP (250 mil euros) se predispor a gastar quase o dobro do Bloco de Esquerda (133 mil euros) nesta campanha. O mais pobrezinho das forças na luta pelo "sim" é o Partido Operário de Unidade Socialista (POUS) que apresenta um orçamento de 500 euros...A lista de movimentos cívicos em campo para a consulta popular de dia 11 de Fevereiro não está completa no que toca aos respectivos orçamentos de campanha. Dos 21 grupos de cidadãos, apenas onze apresentaram as estimativas de gastos correctamente. Segundo a CNE, as restantes apenas tinham inscrito despesas e não receitas, pelo que lhes foi pedido para rectificarem os seus orçamentos.A manterem-se as deficiências, os orçamentos serão publicados dessa forma, disse Ana Cristina Branco, porta-voz da CNE, acrescentando que "não há implicações do ponto de vista jurídico nem sancionamento". Entre os que têm de alterar as contas apresentadas na CNE está a Plataforma Não Obrigada, o movimento que integra o maior número de figuras mais conhecidas do País contra a despenalização. Este movimento dispunha-se a gastar 427 mil euros (o que representa quase a totalidade das despesas dos restantes 14 movimentos do "não", que atingem os 635 mil euros, todos somados). Os responsáveis da Plataforma, numa conferência realizada terça--feira para apelar a donativos, justificaram a "falta" do item receitas no orçamento pelo facto de não saberem quantos portugueses estarão dispostos a contribuir para o movimento.Dos grupos de cidadãos constituídos pelo "sim", o Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim é aquele que tem maior orçamento, 262 mil euros, seguido pelo Em Movimento pelo Sim, com mais de 80 mil euros e pelo Movimento Voto Sim, com 44 mil euros. Os restantes movimentos oscilam entre os 10 mil e os 35 mil euros."

in Diário de Notícias


COMENTÁRIO

Voltou aos noticiários televisivos e à imprensa nacional o tema sobre o aborto.
O zunzum começou à meses atrás, e nas últimas semanas é impossível não ouvir ou ler um comentário acerca do tão destacado assunto, onde muitos dos envolvidos conseguem umas óptimas mini-férias sem qualquer despesa a pagar do seu próprio bolso.
Outdoors, teasers, clips, entre outros, promovem a discussão, mas tudo isto envolve despesa.
Desta forma todos os movimentos legalmente reconhecidos, solicitaram perante a Comissão Nacional de Eleições (CNE) uma verba monetária com base no seu orçamento previsto para a propaganda já determinada.

Estes orçamentos apresentados revelam algum interesse e análise mais detalhada, e julga-se que nem todos estão a agir da forma mais ética para com o assunto.

Entre as várias críticas do SIM e do NÃO ao aborto, misturam-se vagos argumentos que pouco ou nada justificam os elevados montantes que alguns movimentos cívicos apresentaram perante a CNE para assegurar as despesas.
O PSD, por exemplo, nem assume qualquer posição objectiva no que respeita à despenalização do aborto, mas assumiram um pedido de cerca de meio milhão de euros para despesas, onde em agenda se encontra apenas uma conferência nacional.
A Plataforma Não Obrigada, apresentou um orçamento de despesas que engloba a quase totalidade dos montantes previstos pelos restantes movimentos do NÃO.
Através destas consultas, verificamos com alguma facilidade que este tipo de movimentos cívicos, para além de serem fonte representativa dos interesses e opiniões dos cidadãos, acabam por servir de meio para a obtenção fácil de verbas monetárias que certamente serão isoladas pelos seus organizadores com justificações pouco credíveis.
São apenas montantes previstos, é a resposta cúmplice nas respostas destes movimentos “mais gastadores” quando confrontados com os orçamentos apresentados, mas resta saber de que forma esse dinheiro será distribuído, a quem será distribuído, e se é justificável determinado montante para uma dada acção.
“Dos 21 grupos de cidadãos, apenas onze apresentaram as estimativas de gastos correctamente…”, uma vez que se limitaram a apresentar despesas para justificar o montante solicitado.
Talvez se entenda que estes movimentos esteja mais interessados nos montantes a amealhar do que com a causa em si.

Estas pessoas, deveriam agir de uma forma mais ética, não se aproveitando de temas delicados como o do aborto para, com base na criação de movimentos, passarem um período de tempo (até à data do referendo) ou mais, repleto de almoços e jantares onde tudo do bom e do melhor está sobre a mesa, participação em actividades lúdicas incluindo concertos, tal como a recepção de numerosos convidados, onde as despesas não são problema, pois a CNE financiará bastante bem todos estes movimentos mais abusivos a nível financeiro, atendendo aos orçamentos chorudos apresentados.
Resta saber se a CNE compactuará com esta forma imoral, e eticamente reprovável, de obtenção de verbas que supostamente se destinam a defender uma causa.
De lamentar que os interesses obscuros dos principais mentores dos movimentos tenham que levar a uma investigação mais aprofundada sobre o sucedido.
Não será colocada em causa a reputação profissional destes membros pela sua gestão de verbas?!!
Podemos exagerar com todas estas questões apresentadas, mas num período difícil e de contenção de despesas, ser surpreendido com orçamentos dúbios e geridos por desconhecidos caso sejam aprovados, causam algum incómodo meramente questionável.
Quando a oportunidade espreitar, iremos recordar-nos destes casos?
A resposta será uma mera questão ético-profissional.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.