segunda-feira, janeiro 15, 2007

Médico de Preto acusado

A ORDEM dos Médicos considerou «má prática médica» a acusação do clínico do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, que engessou o braço direito de António Preto, no dia em que o deputado do PSD tinha que fazer um reconhecimento da sua assinatura, a pedido do Ministério Público (MP).Preto estava, então, sob invesigação no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e havia suspeitas de que falsificara a assinatura da sua mulher, nas declarações de impostos apresentadas nas Finanças, para justificar dinheiro que recbera de dois empresários. Apesar de a diligência não se ter efectuado, tanto o MP como, depois, o Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa considerou que foi Preto que falsificou a assinatura da mulher.
O deputado aguarda agora a marcação do julgamento, onde terá de respondr pelos crimes de falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.O médico que assistiu o deputado no Santa Marta – Eduardo Berdeja, que é cunhado de António Preto – diagnosticou-lhe um «edema do membro superior direito» que «apresentava sinais de flebite do antebraço e braço, doloroso à palpação», tendo procedido «à (sua) imobilização com gesso», diz o relatório final da Ordem dos Médicos, enviado ao Tribunal no final de Novembro passado. «Em face dos dados clínicos referidos e perante a suspeita de flebie superficial, a imobilização com gesso é uma má prática médica» – concluiu a Ordem.
Chamado a pronunciar-se sobre este facto pelo juiz de instituição, o deputado salientou que o relatório da Ordem «não põe em causa o edema» e que, «não sendo médico, não pode pronunciar sobre a terapêutica instituída e sobre a correcção da solução» adaptada.O médico enfrenta agora um processo disciplinar da Ordem, onde a proposta de pena a aplicar é a suspensão temporária do exercício da Medicina.Também a Inspecção Geral de Saúde (IGS) já concluiu um inquérito à mesma situação.
A IGS suspeitava de utilização abusiva dos serviços públicos mas, segundo soube o SOL, o médico, que já foi ouvido pelos inspectores, pode vir a ser acusado de outras infracções disciplinares, incorrendo também numa pena de suspensão da actividade nos serviços do Estado.
A IGS deverá ainda remeter este processo ao MP, para eventual procedimento criminal. Em causa podem estar, além da «violação da lgis artis» dos médicos, já provada pela Ordem, indícios da prática de um crime de obstrução à Justiça.

Fonte: Jornal SOL, edição nº17, 6 de Janeiro d 2007
Ana Paula Azevedo e Graça Rosendo



Comentário:

Cada vez mais se descobrem injustiças no nosso país a todos os níveis...
Segundo a publicação do jornal SOL, o clínico do hospital de Santa Maria em Lisboa, doutor Eduardo Bardeja, engessou o braço direito do seu cunhado, o deputado do PSD António Preto alegando um edema do membro superior direito em que apresentava sinais de flebite do antebraço e braço dolorosa à palpação.
Mas segundo o diagnostico feito pela ordem dos médicos, concluiu-se que era uma má pratica medica pois tal diagnostico feito pelo médico Eduardo era falso.Mesmo que a intenção ou o compromisso fosse ajudar o cunhado, à lei do código deontológico dos médicos é eticamente ilegal tal comportamento.
Não é justo ajudar gente burlona.
Então pelo facto constatado o único problema que o senhor Preto tinha era o de ter de fazer nesse mesmo dia um reconhecimento da sua assinatura exigida pelo Ministério Publico, pois Preto está sob investigação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, por falsificação da assinatura da sua mulher na declaração que apresentou nas Finanças para justificar dinheiro que recebeu de dois empresários.
Para fugir e enganar a justiça mais uma vez a solução que este encontro foi engessar o braço e assim já tinha um motivo para a não apresentação de tal documento exigido pelo Ministério Publico. Para tal recorreu aos serviços do cunhado, Doutor Eduardo Bardeja, para que com a ajuda do mesmo atingir o seu objectivo.
Resultando daqui um processo disciplinar atribuída ao medico Eduardo Bardeja por abuso dos serviços públicos e fazendo parecer uma situação que não corresponde à realidade.
Situação esta eticamente ilegal.
Este tipo de comportamento perante a Ordem dos Médicos pode ter como punição a suspensão temporária do exercício de medicina.
E segundo a Inspecção Geral de Saúde este pode também ser suspenso das actividades nos serviços do Estado pois foi concluído que houve uma utilização abusiva dos serviços públicos por parte do médico.
Este processo será ainda remetido para o Ministério Publico pois está em causa a violação das leis éticas dos médicos e a pratica de um crime de obstrução à justiça.
Então concluo que nesta publicação existem dois casos com falta de ética, a actuação do médico ao falsificar o relatório e a falsificação da assinatura da sua mulher no documento por António Preto.
Frequentemente deparamo-nos com médicos como o doutor Eduardo que não tem o mínimo de respeito e ética pela profissão que escolheram.
De acordo com o código deontológico dos médicos, ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão, não pode, em qualquer circunstância, ou de qualquer forma, ser exercida como comércio e nunca exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico...
Médicos destes não desempenham um bom serviço nem aos utentes nem ao país.
Eu concordo plenamente que médicos como o doutor Eduardo sejam proibidos de exercer a sua profissão, visto que ajudam muitos vigaristas do nosso país.
Se queremos acabar com a corrupção tem de se fazer justiça, punindo estes médicos corruptos e sem escrúpulos.

2 comentários:

Mannú disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mannú disse...

Este artigo mostra-nos claramente a corrupção e falta de ética que há no nosso país. Uma breve reportagem publicada no jornal Sol mas que contém várias infracções aos códigos deontológicos e outras legislações em vigor. Atendendo a esse facto, resolvi investigar mais profundamente e tecer o meu comentário com base no referido artigo mas também em artigos editados noutras publicações mas que estão relacionados e que também têm condutas menos próprias por parte de outros profissionais, nomeadamente o Ministério Público e a Polícia Judiciária.
Os factos que envolvem António Preto não são recentes, pois desde 2003 que o deputado do PSD no Parlamento está alegadamente envolvido num esquema de corrupção com empresários e altos dirigentes da administração pública.
Assim sendo a quebra dos códigos deontológicos começam logo na pessoa do deputado António Preto, que como indicam as investigações feitas pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal do Ministério Público conjuntamente com a Polícia Judiciária, surgia em escutas telefónicas a receber malas com milhares de euros em dinheiro vivo. Foi com base nessas malas cheias de dinheiro que o deputado se viu constituído arguido num processo, em 2005, por corrupção e tráfico de influências.
Este processo poderia ter tido uma grande repercussão social, não fosse a Polícia Judiciária ter concluído muito cedo não haver fundamento para que a investigação continuasse. Como se isso não bastasse uma das principais provas existentes no processo não poderiam ser usadas pois tratavam-se de escutas ilegais, ou seja, não autorizadas pelo Tribunal, eticamente reprováveis mas que a Polícia Judiciária teima em utilizar.
António Preto, para justificar o dinheiro recebido, lembrou-se então de falsificar a assinatura da mulher nos impressos do IRS, mais uma vez violando as normas sociais. Mas teve azar, pois com a PJ à perna não foi difícil indiciá-lo por falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.
Em mais um momento de desespero resolveu recorrer ao cunhado, Dr. Eduardo Berdeja, que é médico no Hospital de Santa Marta, com a finalidade de este último o ajudar a fugir à justiça engessando-lhe o braço impedindo-o de fazer um reconhecimento da sua assinatura, a pedido do Ministério Público.
Desta vez a lei falou mais alto e mesmo sem o reconhecimento da assinatura o Ministério Público e o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa consideraram que foi o deputado António Preto que falsificou a assinatura da mulher.
A atitude de António Preto não foi correcta, mas a do cunhado que pactuou com ele também é lamentável e, segundo a Ordem dos Médicos, considerada de má prática médica.
Segundo o código deontológico dos médicos, cabe ao médico zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão, não pode em qualquer circunstância, ou de qualquer forma, ser exercida como comércio e nunca exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico.
Ao que parece o Dr. Eduardo Berdeja violou esta regra em quase todo o seu conteúdo, digo quase porque não acredito que ele tenha cobrado dinheiro ao cunhado pelo “excelente” serviço prestado.
É pena que casos como o deste médico não tenham grande repercussão mediática, apesar de estarem constantemente a acontecer. Certamente todos conhecemos alguém que já pediu um atestado médico para apresentar na escola ou no trabalho sem estar doente (muitas vezes nem chegam a ir à clínica ou hospital).
Um dos casos mais falados foi o que aconteceu com os estudantes que por se recusarem a fazer os exames finais apresentaram atestados médicos. Esta situação não teria levantado suspeitas não fosse o número elevado de atestados que apareceram na mesma escola para o mesmo exame.
Tal como estes médicos, também o Dr. Eduardo Berdeja enfrenta um processo disciplinar da Ordem dos Médicos, estando sujeito a ficar suspenso temporariamente de exercer Medicina.
O mesmo médico já estava a ser investigado pela Inspecção Geral de Saúde, que suspeitava de utilização abusiva dos serviços públicos, sendo a pena a aplicar neste caso a suspensão das actividades nos serviços do Estado.
O Dr. Eduardo Berdeja é o exemplo concreto de quase tudo o que o médico não pode fazer. Só no que foi mencionado neste artigo dá para entender o profissional que é.
Médicos como estes encontram-se com frequência e estão espalhados um por todo o lado. Basta ter alguns conhecimentos e dinheiro no bolso para se obter um atestado médico e em certos casos o preenchimento de impressos ou relatórios para os quais seria necessário efectuar exames específicos sem necessidade de fazer os mesmos (como exemplo posso mencionar os impressos e atestados necessários para tirar ou renovar a carta de condução).
O artigo não fala apenas na falta de ética do Médico, fala também da corrupção dos nossos políticos, porque tal como acontece na medicina, também noutros serviços públicos acontece a falta de ética profissional e o desrespeito para com os códigos deontológicos.
A reportagem não especifica, mas o crime de que António Preto estava indiciado era de corrupção e tráfico de influências, o que acontece bastantes vezes na politica nacional, não só ao nível do Poder Central mas também nas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia.

É sempre de lamentar o acontecimento de casos como este, mas a corrupção sempre aconteceu e vai continuar a acontecer.