segunda-feira, janeiro 15, 2007

Empresário deitou entulho para a ribeira

Uma tonalidade branca na água da ribeira das Bernardas, que atravessa o centro da Marinha Grande, incluindo os dois parques verdes, foi perceptível para quem, anteontem, passou junto àquela linha de água, durante o dia. A Protecção Civil foi alertada para a situação e rapidamente descobriu a origem da poluição. Trata-se de um empreiteiro da localidade de Casal dos Ossos, que incorre numa coima entre os 7500 e os 44890 Euros.Artur Granja, delegado da Protecção Civil, explicou que "o empresário despejou directamente para a ribeira entulho, resultante de escavações, que continha barro, o que tornava a água bastante gordurosa". "Não foi uma situação particularmente grave, já que o material não é muito poluente. De qualquer forma, não é permitido efectuar despejos desta natureza para as linhas de água", disse o responsável, adiantando que o empreiteiro assumiu a autoria do acto, afirmando desconhecer a lei. Ontem, adiantou, a água voltou à sua tonalidade habitual.A PSP deslocou-se ao local, tomando conta da ocorrência. Levantado o auto, este foi remetido para a Inspecção Geral do Ambiente que aplicará a pena, explicou fonte daquela Polícia. HS

Fonte:
http://jn.sapo.pt/2007/01/10/sul/empresario_deitou_entulho_para_ribei.html

Comentário:
Infelizmente esta é apenas só mais uma de muitas noticias sobre empresas que despejam resíduos, muitas das vezes tóxicos para a natureza.
Neste caso trata-se de um empresário, da localidade de Casal de Ossos, que despejou directamente o entulho resultante de escavações (contendo barro) para a ribeira que atravessa o centro da Marinha Grande. Este despejo provocou uma tonalidade branca e gordurosa na água, perceptível a todos os que ai passaram durante o dia. Felizmente esta não foi uma situação particularmente grave, uma vez que o material despejado não é muito poluente.
O empresário em causa, após ter sido confrontado com esta situação pela protecção civil, assumiu todas as responsabilidades, afirmando não conhecer a lei. O acto deste empresário não só é de uma grande falta de ética como também é ilegal, ou seja, crime, uma vez que não é permitido efectuar despejos desta natureza para as linhas de água.
Mesmo não conhecendo a lei, qualquer pessoa que seja detentora de algum bom senso, saberia que iria poluir a água. Mas este empresário mesmo sabendo que poderia por em risco a saúde ambiental daquele curso de água, preferiu faze-lo a ter de pagar a uma empresa que fosse recolher os resíduos e deposita-los num local apropriado para o efeito.
Cada vez mais os empresários tanto portugueses, como de todo o mundo se preocupam apenas em alcançar o máximo lucro seja a que preço for, esquecendo tanto a natureza como o bem estar dos que os rodeiam, e na maior parte das vezes saem impunes da situação, sem de nada serem responsabilizados. Contudo, neste caso, a falta de ética saiu-lhe cara, pois para não ter custos com o despejo do entulho, ira ter de pagar uma coima que irá desde os 7500 aos 44.890 Euros . É bom que este caso sirva de exemplo a muitos dos empresários que por todo o país despejam os resíduos das suas empresa em qualquer lado, sem pensar duas vezes, desrespeitando não só o ambiente, mas também todos aqueles que lutam por uma melhor qualidade de vida, fazendo da protecção ambiente uma das principais causas potenciadoras de bem-estar social.
Na minha opinião, qualquer pessoa no mundo que queira ser respeitada, terá que saber respeitar os outros, e, quando se cria uma empresa, esse respeito deve aumentar e com ele aumenta também o civismo e a responsabilidade. Se não aumentar é porque o empresário não é um bom profissional.
Todos sabemos que o objectivo de qualquer empresa é chegar ao máximo lucro, minimizando os custos, mas isso não implica ter de passar por cima de tudo e de todos para o conseguir, descurando um factor tão importante como o ambiente. Tem de existir acima de tudo ética empresarial, profissionalismo e distinção do certo e do errado, ou então todo o esforço é desnecessário pois nunca será uma empresa respeitada no mercado empresarial.
Num mundo em que cada vez existem mais organizações defensoras do ambiente, onde as consciências dos empresários cada vez mais anda em torno de questões como a reciclagem, sistemas de energias alternativas e não poluentes, reutilização de produtos, preocupação com as libertações de gases para a atmosfera, etc., ainda é de maior desagrado que leio noticias deste tipo.
Será que a mentalidade dos proprietários e empresários em Portugal ainda não evoluiu de maneira a acompanhar o resto do mundo? É tudo uma questão de ética.

2 comentários:

Sónia Pinto nº 4697 disse...

Quando falamos de ética profissional dos empresários, principalmente no que se refere àqueles ligados a negócios de alguma dimensão, que asseguram vários postos de trabalho e/ou a áreas de actividade potencialmente geradoras de impactes ambientais significativos, estamos a trazer à discussão um tema especialmente complexo.

Em relação à maioria dos profissionais que trabalham por conta de outrem, os empresários têm responsabilidades acrescidas para com a comunidade em que se inserem. Devem trabalhar em prol do objectivo básico da empresa – a geração de lucro, de riqueza – não perdendo de vista a meta mais ambiciosa da sustentabilidade do negócio a longo prazo, nem os interesses e as necessidades dos seus clientes, trabalhadores, investidores e parceiros, nem esquecendo o respeito pelos imperativos legais, e pelo interesse público (o contributo, ou pelo menos, o não comprometimento da gestão racional dos recursos, no meio físico e cultural em que se insere a empresa).

Ao empresário actual são colocadas exigências com as quais nem se sonhava até à primeira metade do século XX: maximizar o lucro, potenciando simultaneamente o bem estar dos trabalhadores e fazendo desenvolvimento sócio-económico no território. Parece quase uma tarefa sobre-humana, especialmente no nosso contexto economicamente deprimido, culturalmente fechado à mudança e sobrecarregado de burocracia.

No entanto, parece que veio para ficar a nova concepção de empresário. Embora ainda longe de generalizado, este entendimento da ética e da responsabilidade empresarial é incontornável num mundo global e competitivo, em que as palavras de ordem são a qualidade e sustentabilidade. Não a qualidade e a sustentabilidade abstractas do plano estratégico e da campanha de marketing, mas as atitudes mentais convertidas em práticas quotidianas reais observáveis, avaliáveis.

Os empresários em geral têm ainda, com certeza, um longo caminho a percorrer antes que possam dar provas da ética e da responsabilidade empresarial na gestão quotidiana, mas não será por esse motivo que a fasquia deverá descer. Se todos estivermos atentos e denunciarmos práticas empresariais lesivas dos nossos interesses enquanto membros de uma cultura, de comunidade e de um território, estaremos a fazer aumentar o controlo social necessário à mudança. Acima de tudo, estaremos também a sensibilizar para a mudança as novas gerações de empresários, para que não sigam os passos das centenas de empreiteiros de Casal dos Ossos espalhados pelo país fora.

Não tenhamos dúvidas: a informação e a educação são, como em quase tudo, chaves na questão da moralização das práticas empresariais. É preciso demonstrar como é possível fazer de forma diferente, mais sustentável, mais responsável e mais ética e isso faz-se tanto pela via da denúncia, como da apresentação de modelos. Como não podia deixar de ser, esse processo só produzirá frutos se se actuar igualmente sobre o enquadramento actual da actividade económica, procurando minimizar os obstáculos, agilizar, facilitar o acesso e aumentar a fiscalização – exigindo afinal, uma “moralização” também da administração pública.

Sónia Pinto nº 4697

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.