quinta-feira, janeiro 18, 2007

Bragaparques: Vereador BE exige explicações CML sobre negócios

O vereador do Bloco de Esquerda da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, exigiu hoje que a autarquia revele todos os negócios com a empresa Bragaparques, cujo sócio-gerente foi quinta-feira acusado de corrupção activa.
Numa conferência de imprensa na sede do BE em Lisboa, José Sá Fernandes exigiu esclarecimentos por parte da autarquia social-democrata sobre os negócios que tem com a empresa que fez um contrato com a CML sobre permuta de terrenos do Parque Mayer com os situados em Entrecampos.
Na origem do processo está um contrato celebrado a 5 de Julho de 2005 entre a Bragaparques e a autarquia lisboeta, então presidida por Pedro Santana Lopes. Tratou-se de uma permuta de imóveis em que a sociedade de Domingos Névo a cederia um terreno que detinha no Parque Mayer a troco de outro, propriedade d a autarquia, situado no local da antiga Feira Popular.
Sá Fernandes, que se fez acompanhar pelo deputado do Bloco de Esquerda Francisco Louça, afirmou ter conhecimento de outros negócios entre a Câmara e a empresa e prometeu divulgá-los «na próxima semana», se entretanto não obtiver esclarecimentos. «Em Fevereiro de 2006 pedi dados sobre todos os negócios entre a CML e a Bragaparques e até hoje não me entregaram absolutamente nada», disse.
O Ministério Público (MP) acusou quinta-feira o sócio-gerente da empresa Bragaparques de tentativa de corrupção do vereador.
O gerente da empresa propunha-se pagar ao irmão de José Sá Fernandes, o advogado Ricardo Sá Fernandes, 200 mil euros para que ele desistisse de contestar o negócio da Feira Popular.
O MP apresenta, entre outras provas, as gravações dos telefonemas entre o arguido e o advogado Ricardo Sá Fernandes.
O vereador insiste em afirmar que «o negócio foi lesivo para a cidade» e apresentou dados novos, nomeadamente uma avaliação dos terrenos do Parque Mayer cinco vezes menos que o proposto pela Bragaparques.
Sá Fernandes revelou que existem três avaliações sobre os terrenos do Parque Mayer e que em uma dela - a única que não foi deita pela Bragaparques - o valor apresentado «é cinco vezes menos, isto é, são nove milhões de euros contra 50 milhões».
Para o vereador do BE, «este caso é suficientemente grave para ser feita uma sindicância à Câmara», pois «há graves suspeitas de ilegalidades».
Diário Digital/Lusa
13-01-2007 12:45:29

Comentário:

Estamos em presença de mais um belo exemplo da maneira de fazer negócios (será assim em todo o lado?) cá no burgo.
Como os exemplos devem vir sempre de cima, este vem de uma das maiores empresas construtoras e concessionárias de parques de estacionamento.
No tempo em que eram os anos e os mais velhos que transmitiam a sabedoria e o conhecimento através da experiência acumulada, dizia-se ser necessário para um homem de negócios vingar, ter um comportamento correcto em todas as transacções, ter brio profissional e possuir valores que transmitissem honra à sua palavra. O resto (dinheiro) viria por acréscimo, como prémio de bom comportamento.
Nesses tempos, também havia concorrência, mas era leal e até se dizia salutar, sendo uma das regras de ouro não dizer mal do artigo dos outros, mas sim, bem do seu. Seria impensável numa sociedade em que os valores morais mantivessem alguma importância, que uma noticia como esta não ferisse de morte a empresa implicada.
O que me parece ser grave é que, este tiro poderá deixar a Bragaparques ferida de asa, mas sobreviverá e, possivelmente o sócio-gerente Sr. Domingos Névoa vai ser apenas mais um a constar na lista dos negociadores privilegiados dos dignos representantes do povo na causa comum.
E, pior ainda, será algum destes dias, ouvir adjectivá-lo de esperto, porque além das qualidades já evidenciadas provou ser hábil na fuga aos impostos, pois parte do pagamento seria efectuado com dinheiro que viria de montantes não declarados fiscalmente, recebidos nas escrituras de compra e venda de imóveis, processo que afirmou ser, para si habitual.
Perante este cenário vemo-nos confrontados com um verdadeiro dilema ético.
De um lado temos a voz do povo a considerá-lo esperto porque consegue fugir ao pagamento de impostos, coisa a que a maior parte dos mortais não tem acesso, gerando um sentimento de inveja por parte dos cumpridores à força, pois são sempre os mesmos a pagar.
Por outro lado temos de ouvir a nossa consciência, e ela diz-nos que o hábil Névoa com o seu comportamento, lesa (e muito) o Estado, logo prejudica-nos a todos.
Ah pois, é verdade, por vezes temos de parar um pouco para nos lembrarmos dessa propriedade que possuímos (O Estado), e mais, não nos poderemos esquecer de defender o que é nosso.
Então sendo assim, depois de ouvir a minha consciência, acho que ao Sr. Névoa deve ser atribuído um qualquer adjectivo que o qualifique negativamente, pois bem vistas as coisas ele envergonha a sua classe.
Já agora, uma vez que parece estar em voga, a pena a atribuir a este empresário, deveria ser uns anos de trabalho comunitário, numa instituição social daquelas que dependem exclusivamente de verbas estatais, de forma a poder perceber qual o verdadeiro significado e importância dos impostos.
Estou tentado a perguntar, embora não saiba a quem, se o modo de actuar deste empresário, faz parte de algum manual por onde ele tenha estudado, pois este tipo de atitudes parecem estar a fazer escola.
É necessário ter muita cautela, pois quando assim é, às tantas é obrigatório fazer assim os negócios, e os maus depois passam a ser os outros, aqueles que ainda se regem pelas normas do bom senso, os sérios e honestos.
Será por isso mesmo que se fala tanto agora em códigos de conduta.
Rara era a empresa que sentia a necessidade de reduzir a escrito essa preocupação com o modo de operar, ou com os comportamentos a adoptar pelos colaboradores, hoje acham que é um documento importante.
Se estas duas décadas de convívio com a melhor família europeia, nos tivessem trazido não só ajudas económicas, mas também alguma da sua mentalidade, muitas destas questões ao nível da ética possivelmente já não se punham neste momento.
È mesmo muito provável que este blog não existisse, pois a escola também não sentiria a necessidade de incluir sessenta horas de dedicação do aluno a esta cadeira, em virtude dos futuros gestores não terem necessidade de pesquisar tanto sobre esta matéria.

Ah muito importante, felizmente não li, nem ouvi chamar gestor ao Sr. Névoa em lado nenhum.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.