segunda-feira, janeiro 15, 2007

Células estaminais já são bom negócio em Portugal

Quinta-feira, 6 de Janeiro de 2005

Conservação: Pais recorrem cada vez mais a empresas para preservar sangue do cordão umbilical Eficácia das células em tratamentos futuros está ainda por comprovar cientificamente

Sandra Moutinho

Pais ansiosos estão a pagar mil euros pela conservação do sangue do cordão umbilical dos filhos, "comprando" um serviço cada vez mais procurado, mas cuja aplicação ainda não foi cientificamente demonstrada. "Uma oportunidade única que pode proteger o seu filho" ou "salve a vida do seu filho" são as frases com que duas empresas que se dedicam à conservação do sangue do cordão umbilical apresentam os seus serviços.O presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Daniel Pereira da Silva, disse que cada vez mais é confrontado com dúvidas de mulheres que o questionam sobre se devem ou não recorrer a este serviço. É uma pergunta difícil de responder a grávidas ansiosas que, naturalmente, estão dispostas a tudo para proteger a saúde do seu filho. Daniel Pereira da Silva alerta, contudo, que se trata de "um investimento, com custos económicos significativos, que deve ser visto como uma potencialidade e não uma realidade".Joaquim Silva Neves, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Maria, em Lisboa, há algum tempo que é confrontado com o pedido de grávidas para a recolha do sangue do cordão umbilical após o parto. O número de pedidos, aliás, não pára de aumentar e sobre a colheita este médico não levanta qualquer objecção. No entanto, alerta para as poucas hipóteses de sobrevivência das células estaminais que, durante o corte do cordão, tendem a migrar para o bebé. "Podemos recolher sangue e não estar lá nenhuma célula estaminal", disse. O ginecologista e obstetra duvida da aplicação das células recolhidas desta forma e se alguma vez virão a ser utilizadas pelos dadores (bebés). "Ainda não há aplicação prática deste material e nem sequer prova de que sobrevivem ao fim de 15 anos de criopreservação", disse. Mas a Crioestaminal, a primeira empresa a fornecer em Portugal o serviço de conservação de sangue de cordão umbilical, e a Bebevida, que brevemente entrará em funcionamento, apresentam-se como capazes de proporcionar a salvação de doenças futuras através das células estaminais recolhidas no sangue. As duas empresas disponibilizam o kit de recolha, no qual é colocado o sangue pela equipa médica após o parto, e o seu transporte para os laboratórios situados em Bruxelas (Crioestaminal) e Londres (Bebevida). O custo total cobrado pela Crioestaminal pelo serviço de isolamento e criopreservação por 20 anos é de 985 euros (cerca de 200 contos). Luís Gomes, da Crioestaminal, explicou que, desde Julho de 2004, cerca de 3.000 pais recorreram aos serviços da empresa, desembolsando 3 milhões de euros (cerca de 600 mil contos) por este serviço. Com esta medida, os pais acreditam que estão a fazer uma espécie de seguro para o bebé. "A recolha das células estaminais do sangue do cordão umbilical, normalmente descartado durante o parto, poderá constituir para o dador um seguro, permitindo fazer terapia celular com células próprias em determinadas doenças, sem necessidade de se submeter a listas de espera para a doação de tecidos histocompatíveis ou sem ter que arriscar terapias com tecidos não compatíveis", propõe a Crioestaminal. Luís Gomes reconhece que, nos hospitais portugueses, ainda não se praticam as técnicas de reconstituição de tecidos ou órgãos com células estaminais. A ciência tem estudado a utilização de células estaminais nas mais diversas patologias Parkinson, diabetes, Alzheimer, doenças do foro cardíaco e carcinomas. O presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular, Rui Reis, considera que a congelação de células do bebé "pode ser muito interessante", mas reconhece que ainda não existe forma de as aplicar para o tratamento de doenças.A Bebevida, que se lança agora neste serviço, propõe aos pais a "possibilidade de salvar a sua vida e a do seu filho" . A empresa disponibiliza a conservação de células estaminais do bebé durante 25 anos com a finalidade da sua utilização "na terapia de diversas doenças" e cobra 1.465 euros (perto de 293 contos) por este serviço. Perante o crescimento deste tipo de serviços, o Grupo Europeu de Ética alertou recentemente para o "engano" que é congelar células do cordão umbilical para a utilização futura do dador, já que é raríssimo o seu uso no tratamento de doenças. Este órgão consultivo da Comissão Europeia especifica que "a probabilidade de se precisar de um transplante autólogo [de tecidos provenientes do próprio dador] está estimada em aproximadamente um em cada 20 mil casos, durante os primeiros 20 anos de vida". O Grupo Europeu de Ética alerta também que "não foi ainda demonstrado que as células que se destinam a ser utilizadas em transplantes possam ser armazenadas por mais de 15 anos". Apesar da intensa investigação realizada "não foi ainda demonstrada nenhuma prova evidente da utilidade das células estaminais". Assim, é "altamente hipotético que as células do cordão umbilical mantidas para utilização no dador tenham algum valor no futuro", frisa o Grupo Europeu de Ética.Jornal de Notícias

Comentário:
Hoje em dia tudo se faz para ganhar dinheiro.
Na minha opinião, esta empresa e outras mais que enveredarão por este tipo de negócio, estão a agir de uma forma oportunista e aproveitadora da situação que a humanidade vive, ou seja, as pessoas têm cada vez mais “medos” pois todos os dias se ouve falar de inúmeros tipos de doenças graves que levam a pessoa muitas das vezes à morte.
Uma mulher que esteja para dar à luz um novo ser humano, na maior parte dos casos, tudo de bem quer para essa criança pois é seu filho e é talvez agora o ser humano que mais adora. Tendo conhecimento deste tipo de intervenção, é claro que pensa duas vezes:
Isto custa mais do que o meu ordenado, mas posso vir a ter o meu filho prevenido de todas as doenças que lhe possam estar iminentes, o que é realmente bom.
Mas também pode pensar que tudo isto é uma forma de manipulação do ser humano e que vai contra às “leis da natureza”. Além de ainda nem se saber se realmente é fiável.
Quero então com isto dizer que estas empresas não agem de acordo com a Ética e com os cinco princípios Éticos, nem com os valores éticos que presumivelmente deveriam ter em conta para serem consideradas empresas dignas e correctas.
A minha opinião poderá ser contestada por pessoas que até já acreditam neste tipo de manipulação, mas só o fazem porque já elas estão manipuladas.

Francisco José Trigacheiro Pires n.º 3518

3 comentários:

katy_a disse...

em construção

Antónia Abade N.º 4107 disse...

Decidi comentar esta noticia, visto que é uma inovação nos dias de hoje, para os bebés que nascem habitualmente.
Pais recorrem cada vez mais a empresas para preservar sangue do cordão umbilical, para tratamentos futuros. A eficácia deste procedimento está ainda por comprovar cientificamente.
Certos pais estão a pagar 1000€ pela conservação do sangue do cordão umbilical dos filhos, mas este serviço não está cientificamente demonstrados. Quem paga 1000€ tem um poder de vida acima da média, visto que gasta o dinheiro mas não sabe se terá proveito nisso.
Dizem ainda que fazem isso porque poderá ser uma oportunidade única que pode proteger ou salvar a vida do seu filho. Na minha opinião, acho que tem lógica mas ainda não se sabe se irá ter futuro, ou se será dinheiro gasto em vão.
O presidente da sociedade portuguesa de ginecologia, Daniel Pereira da Silva, disse ainda que muitas mulheres, no dia a dia, lhe perguntam se o devem fazer ou não. Este, por sua vez, não sabe responder. O ginecologista diz ainda que se trata de um investimento com custos económicos significativos, que deve ser visto como uma potencialidade e não uma realidade.
Não é o único médico a ser confrontado com o pedido de grávidas para recolha do sangue do cordão umbilical, após o parto, pois o ginecologista e obstetra do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Joaquim Silva Neves, também tem sido alvo deste pedido.
A minha opinião sobre a recolha do sangue do cordão umbilical, é que talvez as pessoas não devam investir tanto dinheiro num procedimento deste nível, que ainda não está comprovado e nem se sabe se será possível e, no caso de se provar que é possível, acho que deveria ser efectuado a um custo mais reduzido, uma vez que a maioria das pessoas não tem possibilidade para fazer investimentos desta dimensão, embora deseje muito fazê-lo, isto é, acho que este procedimento não devia estar limitado apenas para pessoas com boas condições económicas, pois as pessoas com menos possibilidades também têm direito a este tipo de oportunidades.
O número de pedidos tem vindo a aumentar cada vez mais, mas a hipótese de sobrevivência das células estaminais durante o corte do cordão, tendem a migrar para o bebé, podendo haver a hipótese de na recolha do sangue não existir nenhuma célula estaminal para guardar.
A meu ver, muitas vezes as células são guardadas com o propósito de poderem vir a salvar vidas nos quinze anos seguintes, no entanto, é provável que estas células tal como muitas outras, tenham um período de vida limitado, podendo não sobreviver até quinze anos de preservação criogénica.
A primeira empresa em Portugal que fornece o serviço de conservação do sangue do cordão umbilical é denominada Crioestaminal. Além desta, existe a Bebevida, que vai entrar em funcionamento muito brevemente. Estas duas empresas conjuntamente, vão dar um kit de recolha, no qual é colocado o sangue após o parto e é transportado para laboratórios situados em Bruxelas e Londres, no qual vai ter um custo de 985€.
Na minha opinião, as células deviam ser analisadas e preservadas dentro do nosso país, pois ao irem para o estrangeiro, existe a possibilidade de serem perdidas ou trocadas, depois de terem tido um custo tão elevado para as famílias que escolheram esta opção. Para além disso, no caso de serem trocadas, há a possibilidade do sangue não ser compatível e isso pode criar graves problemas na criança ou pode não haver qualquer tipo de resultados.
Desde 2004, que 3000 pais estão a investir neste processo e já foram aplicados três milhões de euros, pois acreditam que poderá ser um seguro para o bebé.
Luís Gomes diz que os hospitais portugueses ainda não têm técnicas de reconstituição de tecidos ou órgãos com células estaminais.
Esta inovação, poderá trazer vantagens para curar certas doenças, tais como Parkinson, diabetes, Alzheimer, doenças do foro cardíaco e carcinomas. Na minha opinião, acho que eles estão a ser éticamente correctos, pois no nosso país existem muitas doenças deste tipo, apesar de ainda não estar provado que esta inovação traga vantagens.
O Grupo Europeu de Ética disse ainda que é altamente hipotético que as células do cordão umbilical mantidas para utilização no dador tenham algum valor no futuro.
Em relação ao comentário do meu colega, estou de acordo pois todos querem ganhar dinheiro à custa de uma situação que ainda não está provada se será possível. Estas empresas aproveitam-se dos medos que os pais têm, para lucrar muito com isso.
Acho que a opinião do meu colega está certa, pois as empresas que se estão a aproveitar desta estratégia não estão de acordo com os princípios e valores éticos que deveriam seguir. Desta maneira, estas empresas não são consideradas éticas.

katy_a disse...

Hoje em dia a palavra evolução é uma palavra que está sempre em constante “renovação”. O mundo tende a evoluir é com a evolução que os lucros existem. E hoje em dia o dinheiro atingiu um poder na vida das pessoas inantigivel. A maioria das pessoas reagem sem princípios, para o poder ter, quanto mais melhor, já não existe o suficiente. O objectivo é ter dinheiro sem dinheiro nada existe, instala-se a infelicidade, por isso são capazes de violar as regras morais, os direitos e os deveres, agindo assim contra a ética.
Quanto à noticia, a minha opinião é que no tempo dos nossos avós estas “coisas” não existiam, e não era por isso que a vida humana não sobrevivia. Hoje em dia é provável existir mais inúmeros casos de mortes do que À algumas décadas atrás. Mas também antes não existiam tantas doenças como hoje em dia. Sendo por isso por o nosso mundo estar “carregado” de doenças que cada vez surgem mais e estar a dar constantemente alertas na televisão principalmente para nos prevenir, o que também nos deixa com medo; que esta empresa aproveita esse facto e tenta arranjar uma solução mesmo não sendo 100% fiável (pois no que diz respeito à saúde nada é 100% eficaz), lhes favoreça muito economicamente, pois todos nós sabemos que com a saúde em termos de dinheiro não há respostas como o “NÃO”.
O mais importante para as pessoas é a saúde, pois todos gostamos de nos sentir bem, e quando a saúde vai mal e nos queremos sentir bem gastamos o que temos e o que não temos. E no que se refere aos “nossos filhos” a situação então ainda se torna mais grave, ele está acima de nós só queremos o seu bem. Logo a noticia das células estaminais prevenirem inúmeras doenças alerta muitas mães para o bem do seu filho. Claro que uma mãe não pensa duas vezes, e mesmo não tendo dinheiro tentar arranjar, pois o que ela quer, como já referi, é o melhor para a sua “cria”.
Mesmo tendo esta descoberta inúmeras desvantagens, as pessoas preferem arriscar, talvez isso lhes dê mais esperança e mais segurança. Pois o dinheiro não está acima da saúde para elas e acreditam que se isto surguiu é porque já resultou em alguma experiência.
Quem ganha com isto e muito é a empresa, pois está a ganhar muito dinheiro mesmo com o risco de não ser fiável os pedidos não diminuem. Para satisfazermos as nossas necessidades, tudo tem de ser de elevada qualidade, e elevada qualidade no nosso dia significa o melhor e sendo o melhor é o mais caro que existe. Logo claro que este serviço não é de borla e para muitas pessoas é muito difícil pagar, pois a vida no nosso mundo hoje em dia não está nada fácil. Tudo sobe menos o ordenado.
Já diz o velho ditado “Com a saúde não se brinca”. Na minha opinião para ter uma boa saúde à que ter cuidado, ou seja, uma das formas de ter uma boa saúde é seguir os conselhos dos médicos e ir frequentemente ao nosso médico de saúde.
Esta empresa está a agir contra a ética, pois está a ir contra os princípios e regras que servem de guia às pessoas, pelos enormes riscos de não ser fiável. Abusando assim do medo que todos nós temos em relação à saúde.

Cátia Pereira nº4638 ( encontrava-se em construção)