Poupar nos gastos é a regra que a maioria dos portugueses aplica cada vez mais no seu dia-a-dia. Na altura de investir num carro, são muitos os que ponderam um “quase novo”. Segundo a Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANERCA), a cada ano, cerca de 500 mil portugueses tentam a sua sorte nos stands de carros usados. Comprar um veículo em segunda mão está longe de ser uma tarefa simples. Para não se deixar levar pela conversa dos vendedores, vai precisar de muito mais do que sorte.
Em 127 stands, de Norte a Sul do País, as ilegalidades circulam a uma velocidade vertiginosa: desde a falta de informação obrigatória e garantias limitadas e com exclusões de peças a simulações de crédito num rascunho, sem indicar a taxa anual de encargos efectiva global (TAEG), encontra-se de tudo. Nenhum dos stands visitados teve uma apreciação positiva para a equipa da PRO TESTE. Quem paga a falta de profissionalismo e a desresponsabilização na assistência pós-venda é o consumidor. Pelo meio, há até propostas “indecentes”. Três estabelecimentos, por exemplo, propuseram abdicar da garantia do carro, mediante um desconto. Outros aumentavam o preço se o comprador quisesse prolongar os 6 meses de garantia dados, um prazo já de si ilegal.
Em quase metade dos stands, a informação afixada sobre os carros à venda era insuficiente, pois não era anunciado, pelo menos, um dos três mais importantes requisitos obrigatórios: o preço, a data de matrícula e o prazo de garantia. As principais infracções registaram-se na indicação da garantia, pois, em 48 casos, não se apresentava qualquer prazo. Quatro stands apresentaram até uma garantia de seis meses, um prazo ilegal. Noutros casos mais flagrantes os vendedores propuseram abdicar da garantia do carro, mediante um desconto que podia ir de 300 a 500 euros. Além disso, a maioria das garantias propostas excluía peças como embraiagem, correia de transmissão e outros elementos mecânicos, ou estava condicionada pela quilometragem ou por um valor máximo de reparação, atropelando os direitos dos consumidores.
A lei é clara: os bens usados têm uma garantia de dois anos, caso não seja definido qualquer prazo, ou de um ano, se houver acordo entre vendedor e comprador. Mas, na prática, o mercado impõe garantias de um ano, sem ouvir antes o cliente. A ausência da taxa anual de encargos efectiva global (TAEG) nas simulações foi uma falha comum, dado que apenas dois estabelecimentos a indicaram. Apesar da apresentação da TAEG ser obrigatória, alguns vendedores desconheciam até o próprio conceito, apresentando um valor em euros.
A falta de profissionalismo e desresponsabilização na assistência pós-venda nesta área precisam de uma intervenção rápida. Fiscalizar melhor é o primeiro passo.
Quem compra tem também um papel decisivo. Quando entrar num stand de carros usados, veja se são afixados preços, matrículas, número de registos anteriores e prazos de garantia nos carros em exposição. Caso alguma destas informações falhe, não compre e faça a sua denúncia, através do livro de reclamações. Se aceitar o negócio, exija todos os documentos do carro, como livrete, registo de propriedade e livro revisões. Rejeite qualquer tentativa de “aliciamento”, como descontos que lhe retirem ou limitem os seus direitos. A impunidade destes serviços paga-se caro, mas a factura da incompetência não pode continuar a cair sobre o consumidor.
Fonte: Revista Proteste, 276 Janeiro 2007
Comentário
Hoje em dia as pessoas são aliciadas por descontos, nem que tenham de abdicar da garantia do produto, como é neste caso do stand de automóveis usados, passando assim por cima das leis do nosso país, tudo para “arranjar um bom negócio”. Aqui não é só o vendedor que está a agir com falta de ética, também o comprador está nessa situação, pensando que fez a melhor opção para poupar dinheiro. Mas se mais tarde algo de errado acontece com o carro que comprou, já não há a garantia para poder voltar atrás. É bom pensar duas vezes antes de tomar a decisão, e não pensar só na “carteira”.
Esta situação está a ocorrer em todo o país, não é só um caso ou outro, e como diz no artigo: “Nenhum dos stands visitados teve uma apreciação positiva para a equipa da PRO TESTE”, sendo por isso preocupante. Parece que neste ramo de negócios há muita falta de profissionalismo, e que tende em aumentar, tanto da parte do vendedor como também da parte do comprador.
A falta de ética profissional pode dar alguns lucros à empresa, mas também o seu nome pode ficar “manchado” e perder reputação no mercado, porque do modo como estes stands de automóveis usados estão a agir pode levá-los a ter sérios problemas com a lei, pois não estão a respeitá-la. Algo deve ser feito pelo Governo para evitar mais situações como estas e corrigir as actuais, pois no fim de contas quem sofre é sempre o consumidor.
Para agir eticamente é preciso paciência, porque os resultados não vão aparecer de repente, tem que se trabalhar para isso e mais tarde virá o reconhecimento merecido.
Fica um conselho ao comprador que quiser comprar um carro usado e agir eticamente na parte final do artigo atrás transcrito.
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"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.
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