Ex-bastonário pede a médicos para recusarem abortos
O antigo bastonário da Ordem dos Médicos Gentil Martins apela aos clínicos para que sejam objectores de consciência e se recusem a fazer abortos caso o "sim" vença no referendo, porque «lei não ultrapassa a ética».
( 18:50 / 09 de Janeiro 07 )
Durante a apresentação do movimento contra a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) "Diz não à discriminação", o antigo bastonário disse esperar «que a esmagadora maioria dos médicos seja objector de consciência».Defendendo que primeiro que a lei têm que estar os direitos humanos e a ética, Gentil Martins considerou que os médicos apenas deverão praticar os chamado «abortos terapêuticos», ou seja, quando está «em jogo» a vida da mãe.«A lei só por si não ultrapassa a ética (...), não é a ética que se tem de conformar à lei», sublinhou, fazendo votos para que se o "sim" vencer no referendo sobre a despenalização do aborto «a maioria dos médicos recuse essa situação».O médico especialista em cirurgia pediátrica, que irá participar «activamente» na campanha pelo "não" no referendo, recuperou ainda a ideia de que «do ponto de vista científico a vida começa na concepção», salientando que, de um modo geral, «a classe médica não aceita o aborto».Ainda durante a sessão de apresentação do movimento "Diz não à discriminação", o jurista Paulo Oneto considerou que o que está em causa no dia 11 de Fevereiro é permitir ou não que aconteçam «várias discriminações», nomeadamente a «discriminação em relação ao pai».«Uma mulher casada no regime de comunhão de adquiridos precisa do consentimento do marido para vender a casa ou o carro, mas para se desfazer de um filho não precisa de qualquer consentimento do marido», afirmou, lamentando que, se o "sim" vencer, «o direito passe a tratar melhor as coisas do que os seres humanos».Além disso, acrescentou Paulo Oneto, se o aborto for despenalizado até às 10 semanas passará a existir na sociedade «a preferência pela morte em detrimento da saúde e da vida».«Votar não no dia 11 de Fevereiro será votar a favor da vida e contra a morte», sublinhou o jurista.
fonte: http://tsf.sapo.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF176721
Comentário:
Em relação ao tema do aborto muito se tem a dizer nesta altura, em parte devido ao referendo e também por já ser uma velha questão que reúne variadissimas opiniões, desde aqueles que defendem a total legalização até aqueles que censuram qualquer forma de tirar a vida ao feto.
Este é um tema bastante interessante, porque, para muitos é uma forma de o governo entreter o país enquanto outras questões mais importantes passam ao lado, para outros é um assunto que já devia ter sido arrumado há muito tempo e para outros ainda é uma forma de muita gente "encher os bolsos", não só á custa do referendo em si como também do facto de serem aqueles que mais benefícios tem com o facto do aborto ainda não ter sido despenalizado que "imploram" pelo não ao aborto, e chegam mesmo a dizer que votar no sim é não votar na vida.
Na minha opinião o Dr. Gentil Martins, que tem um estatuto de relevo na nossa sociedade, não devia aderir a campanhas nem sequer deveriam existir essas mesmas campanhas, que influenciam a opinião das pessoas em relação ao tema sem as informar acerca daquilo que realmente é importante dentro deste tema, já para não falar que esta campanha não deve ser financiada nem pelo Dr. Gentil Martins nem pelo Sr. juiz Paulo Oneto, mas se calhar é com a ajuda do estado.
Penso que numa sociedade democratica apenas se devia investir em publicidade para que haja uma forte adesão ao referendo e em informação, para que as pessoas votem com a convicção que estão a votar naquilo que realmente creem e não no que ouviram o fulano "tal" dizer.É claro que numa democracia cada um expressa a sua opinião, mas neste caso o Dr. Gentil Martins é suspeito para falar, porque uma pessoa que é especilizada em medicina pediatrica e que segundo consta tem uma clinica privada, concerteza terá mais a ganhar com a não despenalização do aborto do que própriamente com a despenalização, se calhar em termos monetários seria uma grande quebra nos seus rendimentos. Neste tipo de campanhas porque será que pessoas como o Dr. Gentil Martins veem gritar ao mundo para votarem contra a despenalização? será porque para eles isto é a maior injustiça do mundo?Eu pessoalmente penso que alguma coisa por detrás tem de haver, porque nunca ouvi dizer que, por exemplo o Dr. G. Martins doou x euros para uma fundação y, e vem agora assim do nada querer tanto bem ao "pobre" feto.
Penso também que para os pediatras terem trabalho, tem de haver crianças, ao fim ao cabo não se fazem omeletes sem ovos.
Gostaria bastante de saber o que sente o Dr. G. Martins quando vê uma casa com dois quartos e com dez criançãs lá adormir, ou o que sente quando vê uma criança a pedir esmola na rua, ou a fumar, entre outros exemplos que todos nós vemos no nosso dia a dia e que se é verdade nestes casos o planeamento familiar não foi o melhor, também é verdade que muitas dessas mães por questões cuturais, legais, eticas, etc, não abortarão embora se calhar o quisessem ter feito. Penso que o aborto ilegal está ao alcance de todas as mulheres, porque é grande o número de pessoas a practicar esta acividade ilicita e por vezes em condições deploráveis.Na minha opinião o feto não tem qualquer tipo de sentimentos ou dor no momento do aborto, por isso não vejo qual será o inconveniente de este ser legal. Muitos defendem que se o aborto fosse legal muitos de nós não estariamos vivos e que durante as crises do século passado a taxa de natalidade teria sido muito baixa, embora concorde em parte acho que é preferível uma criança vir ao mundo sendo completamente desejada palos seus pais e sendo educada com todo o amor e o carinho necessário a sua evolução do que uma criança crescer num ambiente degradado e vir a tornar-se num adolescente ou adulto revoltado, penso que poucos devem ser os casos de crianças não desejadas que em adultos conseguiram vingar na vida e dar uma boa educação aos seus filhos, não sei, é apenas uma opinião pessoal um pouco fundamentalista confesso.
Outra questão que tem levantado polémica é o facto de se o aborto for despenalizado, legalmente o pai não poder ter opinião em relação a este, apenas a mãe decide se a criança virá ao mundo ou não. È uma questão pertinente!
Em jeito de conclusão gostaria também de fazer referência ao facto de haver no nosso país certas incentivos que levam muitas familias a ter filhos com o intuito de receber os respectivos subsídios, nomeadamente na etnia cigana, quando na minha opinião eles deviam era receber incentivos para não terem filhos.
Em termos éticos penso que este comentário do Dr. G. Martins tem dupla interpretação bem como o próprio tema, muitos, incluíndo a igreija católica defendem o "não" ao aborto, com as suas próprias razões Eticas mas por outro lado, sem que as suas razões éticas não sejam as melhores, estão aqueles que defendem a despenalização, por alguma razão irá haver um referendo!
Rui Xavier nº 4685
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
O dia do referendo está a chegar. Todos nós sabemos que o aborto é um tema bastante controverso em relação aquilo que se considera eticamente correcto ou incorrecto.
Os portugueses estão divididos em relação á despenalização da interrupção voluntária do aborto, e importa agora que as pessoas tomem uma decisão com base nos seus valores. Pessoalmente considero que o Governo já começou mal neste tema, em primeiro lugar pelas verbas astronómicas que disponibilizou para as campanhas, quando podiam ter sido aplicadas noutras áreas como por exemplo a acção social, porque ainda há pessoas com fome em Portugal. Em segundo lugar, o Governo ao proferir certas afirmações parece já ter uma posição definida em relação a este referendo, uma vez que já pondera a celebração de convenções, para a realização de abortos em clínicas privadas o que condiciona as opiniões legítimas das pessoas. Talvez esta ponderação vá mesmo contra os princípios éticos da sociedade, mesmo para quem seja a favor do aborto, pois ainda este assunto não foi referendado já se está a falar em acordos.
As declarações do ministro da saúde Correia de Campos sobre a não garantia da confidencialidade da mulher que pretenda realizar o aborto, considero-as totalmente antiéticas e vão contra todos os princípios e códigos deontológicos de quem trabalha em saúde e contra os direitos do paciente.
Todos os profissionais de saúde, desde os médicos, enfermeiros, administrativos hospitalares, técnicos e todos os outros profissionais que trabalham num hospital são obrigados ao sigilo profissional e o doente tem acima de tudo o direito a confidencialidade dos seus dados clínicos.
Eu pessoalmente, partilho da mesma opinião do Dr. Gentil Martins, cada vez mais a ciência de uma maneira universal afirma que a vida começa no momento da concepção, assegurando o ciclo vital. Todos fomos zigoto, todos fomos embrião, todos fomos criança, e por aí em diante. Se este percurso é interrompido, interrompem o destino da vida de cada pessoa, ainda mais, em Portugal que a taxa de natalidade já é tão baixa que se despenalizarem o aborto, menos crianças nascerão o que poderá comprometer o nosso futuro, tanto em termos económicos como em termos sociais, e disso ainda não ouvi o Governo falar.
É de referir que função do médicos é tratar dos doentes e não servir de instrumentos para atender desejos de determinadas pessoas. A ética e a deontologia médica não dependem de maiorias absolutas, assim se o “sim” ganhar em nada muda a deontologia e a ética médica que condena o aborto.
Dilemas como este, “entre a vida e a morte”, põem-se com frequência à consciência de um médico, mas, negar os seus princípios, será seguramente ainda mais catastrófico e socialmente mais grave. Novas rupturas nos princípios morais, já estão tão abaladas na nossa Sociedade moderna que devem seguramente ser evitadas, e uma coisa será procurar compreender um erro humano de situações extremas, outra será tornar válido e aparentemente correcto aquilo que nunca o pode ser, o atentado propositado a uma vida.
Neste seguimento, aliás como vem disposto na declaração universal dos direitos do homem a vida humana é inviolável e este princípio deve ser respeitado por toda a sociedade. É da minha opinião de que dar o aborto legal como a única alternativa ao aborto clandestino não é encontrar a melhor solução para as mulheres grávidas em dificuldades. Parece-me que o caminho é outro e passa pelo apoio às grávidas criando-lhe condições para darem um futuro risonho aos seus filhos.
Embora que o aborto ilegal seja um negócio de dinheiro sujo que potencia a corrupção, deverá haver outras medidas que combatam o aborto ilegal, e não torna-lo legal para acabar com este negócio.
Em jeito de conclusão parece-me importante referir que a defesa da vida humana sempre representou o princípio essencial e básico, na consideração do respeito que a dignidade humana merece ao médico, encarada quer no seu início quer na sua fase terminal, ou seja, o aborto nunca será bem aceite no conjunto da ética médica.
Enviar um comentário