terça-feira, janeiro 09, 2007

Maus-tratos: mãe detida

A mãe da pequena Sara, a menina de dois anos que morreu na passada quarta-feira, em Monção, foi detida esta tarde e levada para o Tribunal de Monção, soube o PortugalDiário junto de fonte da Santa Casa da Misericórdia.
A mãe da bebé será ouvida durante o dia de amanhã por um juiz de turno. Depois de ter estado no tribunal a suspeita foi levada para as instalações da Polícia Judiciária de Braga, onde irá passar a noite, apurou o PortugalDiário junto de fonte da GNR.
Ana Isabel Oliveira Costa, de 24 anos, foi ouvida pela PJ de Braga, durante quatro horas, nas instalações do infantário da Santa Casa da Misericórdia, em Monção, tendo seguido, por volta das 16 horas, para o Tribunal.
O pai da menina também foi ouvido mas não ficou detido e deverá acompanhar amanhã as cerimónias fúnebres.
Ainda de acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário junto de fonte do Instituto de Medicina Legal, a autópsia ao corpo da menor evidenciou «lesões traumáticas significativas no crânio, tórax e no abdómen» e que «foram inequivocamente responsáveis pela sua morte».
O exame ao cadáver da menina, realizado no Instituto de Medicina Legal de Viana do Castelo, evidenciou ainda «várias lesões mais antigas» que sustentam a tese dos maus-tratos infligidos à menor.
Seguem-se os exames complementares de rotina e uma fase «fundamental» que consistirá na «confrontação entre as lesões observadas e as informações fornecidas pelos progenitores».
Apesar de os primeiros resultados darem credibilidade às suspeitas de maus-tratos, a fonte do IML acrescenta «que primeiro é preciso confrontar os resultados médicos com os elementos recolhidos pela PJ, nomeadamente, o tipo de escadas em que a menor terá caído».
Refira-se que na versão dos progenitores, a morte de Sara ter-se-á ficado a dever a duas quedas que a menor deu nas escadas da casa, em Monção.
A menina deu entrada na quarta-feira de manhã no Centro de Saúde de Monção com uma paragem cardio-respiratória e vários hematomas na cabeça e nas pernas.
Irmãos entregues a família de acolhimento
Entretanto, o Ministério da Segurança Social decidiu retirar os três irmãos de Sara aos pais e entregá-los provisoriamente a famílias de acolhimento da zona de Viana do Castelo. Os dois mais velhos (um rapaz de cinco anos e uma menina de quatro) foram encaminhados para uma família, enquanto o mais pequeno (um menino de ano e três meses) foi entregue a outro agregado. Refira-se que esta intervenção da CPM foi autorizada pelos pais dos menores. A notícia foi confirmada ao PortugalDiário, pelo vogal da Santa Casa de Monção, Armando da Ponte. «Acabo de receber a informação de que a presidente da Comissão de Protecção de Menores (CPM) de Monção dirigiu-se esta tarde ao infantário para levar os três meninos», referiu o vogal, sem esconder «uma certa mágoa» em relação ao comportamento da CPM. «Foram buscar os meninos e nem sequer nos disseram para onde os levavam. Perguntámos se regressariam amanhã e responderam que não», referiu Armando da Ponte, acrescentando que a Santa Casa mereceria outro tratamento por parte da Comissão. «A Santa Casa denunciou os maus-tratos e sempre preservou o bom-nome da Comissão, apesar de pensar que esta não agiu com a celeridade que o processo exigia. Não merecíamos ser tratados assim. Nem sequer sabemos para onde levaram os meninos», lamenta o vogal da instituição. Ao contrário de Sara, os irmãos nunca evidenciaram sinais de maus-tratos.

Fonte:

2006/12/28 17:07 Cláudia Rosenbusch , Cláudia Lima da Costa
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=756165


Comentário:

Esta notícia aparece numa altura em que, infelizmente, já não choca nem surpreende ninguém, pelo facto de se detectam cada vez mais casos de agressão física a menores em Portugal.
Numa reflexão considerada, na minha opinião, ética, pensar-se-ia numa criança como um indivíduo inserido num seio familiar, do qual resultam de forma natural, uma relação de afectos entre a família.
Nem sempre é assim, os maus-tratos na infância tendem a ser cada vez mais frequentes por diversas razões, tais como, disciplina, crenças e práticas religiosas, problemas económicos, alcoolismo, entre outras.
Na minha opinião, nenhuma “desculpa” é razão para maltratar uma criança, há diversas formas de educar uma criança sem ser com violência ou de se resolverem os problemas familiares, não é “descarregar”em cima de uma inocente criança que nem escolheu o seu seio familiar. Além da violência ser um mau exemplo para a criança, causa também diversos traumas, não só a nível físico como a nível psicológico para o resto da vida dessa criança.
As estatísticas, não só em Portugal como pelo mundo fora, dão-nos notícias tristes, cada vez mais crianças sofrem de maus-tratos e, pior ainda, a taxa de mortalidade infantil por maus-tratos aumenta cada vez mais.
É revoltante saber-se que os próprios pais fazem coisas horríveis aos ses filhos e pior ainda, mesmo com a comprovação da autópsia de Sara ter sofrido de maus-tratos, os pais continuam a negar e a afirmar que foram quedas das escadas. Esta atitude não ética só demonstra o tipo de carácter destas duas pessoas, nem mesmo depois do mal estar feito admitem que cometeram um crime grave.
Essas pessoas devem ser punidas, não só por terem uma atitude que é tudo menos ética, mas também porque cometem um crime.
Embora às vezes não resolva nada, como neste caso que já não há nada a fazer, pelo menos para Sara, mas pelo menos faz-se alguma justiça e dá-se o exemplo para os pais que cometem o mesmo crime perante os seus filhos.
A Sara, porém, já estava referenciada pela Comissão de Protecção de Menores de Viseu desde finais de 2005, por negligência familiar (falta de cuidados de higiene e má alimentação, neste caso) por parte da Segurança Social. Acho que a entidade deveria ter tomado uma atitude imediata neste caso, visto que as crianças não tinham condições para viver com os pais. Na minha opinião, a pessoa que esteve a frente do caso não teve a atitude mais adequada, mas já se sabe que neste país é deixa andar, e depois acontecem estas fatalidades incompreensíveis.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.