sexta-feira, janeiro 12, 2007

Parmalat Portugal sem problemas futuros mesmo com novo dono da casa-mãe

A Parmalat Portugal não vai ter qualquer problema futuro de sobrevivência, seja qual for o novo proprietário da casa-mãe italiana, pois é uma empresa rentável, defendeu hoje o seu gerente.
Claudio Cattaneo, que falava na apresentação de novos produtos da Parmalat para o mercado nacional, frisou também que a Parmalat Portugal "está protegida" pois o seu capital passou a estar nas mãos de duas empresas do grupo italiano, deixando de ser directamente da casa-mãe.
Assim, a empresa em Portugal não corre qualquer risco de ser responsabilizada pelas dívidas da casa-mãe, que entrou em processo de falência, estando agora numa fase de tentativa de recuperação, referiu Cláudio Cattaneo.
O capital da Parmalat Portugal é agora da Latte Sole e da Parmalat Distribuzione Alimenti, duas empresas do grupo Parmalat, mas "que não estão na falência", explicou o responsável, à margem da conferência de imprensa.
Cláudio Cattaneo tem a convicção de que para Portugal "vai tudo correr bem, independentemente de quem vai ser o novo dono da Parmalat [casa-mãe]".
A Parmalat Portugal, que tem uma gestão autónoma, "é economicamente sustentável, não tem de estar receosa. Acho que não vamos ter problemas. Absolutamente", reforçou o gerente da empresa.
Como não registou falhas de pagamentos, a Parmalat Portugal mantém todos os seus fornecedores, portugueses e estrangeiros, apesar de alguns deles terem deixado de abastecer a casa-mãe, frisou Claudio Cattaneo.
Aliás, a gestão da Parmalat Portugal continua a não ter interferências do administrador judicial da casa-mãe, Enrico Bondi, como fez questão de apontar o gerente da empresa.
Após ter sido decretada a falência da Parmalat, um processo que não afectou 11 das empresas do grupo que não apresentavam problemas financeiros, como é o caso de Portugal, a casa-mãe ficou sob gestão controlada.
Foi proposto aos credores ficarem com uma participação no capital da Parmalat correspondente a oito por cento do valor total da respectiva dívida.
Entre 28 de Junho e 28 de Agosto vai decorrer a consulta dos credores para averiguar se estão dispostos a trocar a dívida da Parmalat por somente oito por cento do real valor, um processo a desenvolver através da Bolsa de Valores italiana.
Após a conclusão desta fase, que, segundo Cláudio Cattaneo, tudo aponta resulte na aceitação da parte dos credores, serão conhecidos os novos proprietários da Parmalat.
Como o processo da Parmalat está na Bolsa de Valores, a Parmalat Portugal não pode divulgar quaisquer informações económicas acerca da sua actividade, como os resultados de 2004 ou os investimentos a efectuar este ano.
O escândalo da Parmalat aconteceu em Dezembro de 2003, quando o fundador da empresa, Calisto Tanzi, foi detido por ter alegadamente desviado 500 milhões de euros, parte substancial dos 1,7 milhões que a família Tanzi terá retirado das empresas.
Após concluir que a empresa apresentava um passivo entre sete e 11 mil milhões de euros (para um volume de negócios de 7,5 mil milhões de euros em 2002), o tribunal decretou a falência da Parmalat, colocando-a sob gestão controlada.

Fonte:
Agência LUSA
2005-06-21 14:19:28
http://www.rtp.pt/index.php?article=182654&visual=6


Comentário:

O que está em causa nesta notícia é o comportamento de Calisto Tanzi ao ter desviado 500 milhões de euros da Parmalat (casa-mãe).
É mais um caso de corrupção como muitos outros que quase todos os dias vemos na televisão ou lemos no jornal. Infelizmente, o desvio de dinheiro ou de outros bens por parte de funcionários superiores ou outros a que têm acesso, tem-se tornado cada vez mais comum no nosso país e não só.
Além de ter cometido um crime e já ter sido castigado por isso, sendo preso, Calisto Tanzi teve um comportamento nada ético ao meu ver.
A Parmalat era um exemplo de sucesso, começou como uma pequena empresa familiar de distribuição de leite pasteurizado em Itália, desenvolveu-se e expandiu-se por outros países graças à boa gestão, na altura, de Calisto Tanzi, e aos subsídios da União Europeia.
O objectivo de qualquer empresa é o lucro. E, para atingir o lucro, tudo ou quase tudo, é válido. Se para conseguir lucros uma empresa precisar ser corruptora, ela será. Infelizmente, é esta a maneira de pensar de muitos dos “nossos” gestores, depois acontecem destas coisas e as noticias surgem.
Na minha opinião os trabalhadores de uma empresa não devem apenas ver os aspectos económicos, também deve ter em conta os interesses éticos.
A actividade empresarial é humana, ela no seu desempenho não pode deixar de ser moral. Assim, o facto de haver na acção do empresário, outras intenções para além da intenção moral, isto não significa que esta deixe de marcar o seu comportamento.
Ou seja, para além da sobrevivência das empresas, para além de ganhar dinheiro, para além de todas as outras finalidades que a vida empresarial deve ter, deve ser antes de tudo actividade humana.
Calisto Tanzi não desrespeitou nem prejudicou apenas a sua empresa. Tanto os accionistas, trabalhadores como as empresas do grupo que se encontram noutros países foram também lesionados pelo facto de este ter desviado dinheiro.
Após a casa-mãe ter sido considerada falida, apenas 11 das empresas do grupo não teve que responder pelas dívidas desta, sendo Portugal um desses casos.
O "ex-rei do leite", Calisto Tanzi ao desviar 500 bilhões de euros com o objectivo de preservar a sua fortuna pessoal, além de ter tido um comportamento moralmente incorrecto e não ético, não teve consciência do que ia por em causa e de quem iria prejudicar, deixando assim 36 mil postos de trabalho apenas em Itália e mais de 135 mil espalhadas pelo mundo em questão.
Uma importante questão que este tema nos coloca é, como é possível que uma empresa mundial de tamanhas dimensões, que controlava uma importante fatia no sector alimentar de vários países pudesse cair de forma tão repentina por causa da acção de uma só pessoa? Prejudicando assim tanta gente. É esta a maneira que nós “futuros gestores queremos ser recordados?
Referenciado por muitos como a nata da burguesia mundial, como empresário modelo, passou, da noite para o dia a ser considerado corrupto e desleal, teve o que mereceu e foi detido assim que se descobriu o seu esquema corrupto.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.