"Ano novo, vida nova", diz a sabedoria popular. Pois bem, o adágio até pode ser interessante e acredito mesmo que tenha aplicação em diversas nações, mas em Portugal e no nosso futebol... esqueçam! Ainda Janeiro não cumpriu a primeira semana e já deu para perceber que no mundo do desporto-rei luso só há mais do mesmo. Confusão a rodos; acusações em todas as direcções; decisões que andam para trás e para a frente e uma falta de lógica tremenda. Mas, sejamos honestos, alguém estava à espera de algo diferente? Duvido, pois com o passar dos anos fica complicado acreditar em determinadas coisas. Digamos que isto é como o Pai Natal...A possibilidade de termos uma greve no nosso futebol é o tema que mais atenção me despertou neste arranque de 2007 (até por ser novo e já estar com pouca paciência para as "caldeiradas" antigas). E se entendo a posição dos futebolistas e do respectivo Sindicato (ninguém gosta de perder direitos adquiridos) faço questão de assumir que não os apoio nesta luta. Para mim é simples: os profissionais de qualquer modalidade não podem ter um tratamento de excepção no que diz respeito aos impostos. Aliás, tal regulamentação deve ser aplicada a todos os contribuintes, independentemente das suas profissões. E escusam de me vir com a conversa do desgaste rápido, pois ser agricultor, trabalhar nas obras ou nas minas, entre tantos outros ofícios violentos, também provoca desgaste acelerado e ninguém se preocupa com isso.E no mundo do futebol é preciso ter atenção ao seguinte: quem ganha milhões não tem de se preocupar com o futuro, a menos que seja descontrolado (se tal acontecer, o dinheiro tanto desaparece pagando menos ou mais impostos...). Os honorários mensais de um craque, juntando ordenado do clube, prémios e verbas oriundas da publicidade, são verdadeiramente pornográficos se tivermos em conta que muitos ganham mais em escassos 30 dias que um trabalhador normal em toda uma vida. Não invejo o que os futebolistas auferem (até porque só recebem o que alguém está disposto a pagar-lhes), mas não me tentem dizer que é justo serem taxados apenas por parte dos seus salários e não pela totalidade.E os futebolistas que não chegam ao estrelato? Esses, dizem os defensores da tese do Sindicato, são prejudicados. Não vejo porquê. Quase todos os jogadores que o desejam passam a treinadores quando "penduram as botas". E nessa área, intensa é certo, não me parece que o desgaste seja assim tão célere. E os que não têm paciência para enveredar pela carreira de técnicos, podem abrir escolas ou academias, ginásios, trabalhar como dirigentes profissionais de clubes, SAD's ou federações ou transformar-se em agentes/empresários. E na moda está ser comentador desportivo. E existe sempre a hipótese de investir o dinheiro ganho num negócio de outra área. Resta abordar a última franja: os futebolistas das divisões secundárias. Estes, é verdade, vivem quase sempre com dificuldades. Ganham pouco e nem sempre recebem. Mas, se sabem que é assim, porque insistem em ser profissionais? Joguem por prazer e diversão, amealhem o dinheiro que consigam, mas estudem e/ou tentem encontrar um emprego estável e de futuro. Isso, aliás, é que o se passa com a maioria dos praticantes das modalidades em Portugal. São poucos os desportistas que se dedicam em exclusivo à sua paixão. E se nem os melhores o fazem, imaginem o que seria se os atletas de "segunda linha" metessem na cabeça que queriam viver somente do basquetebol, andebol ou voleibol...
Avelâs, Luís . Sexta-feira, 5 Janeiro de 2007 .Record.
Comentário:
O Ano 2007 começou com as já tão habituais polémicas futebolistas.
Depois de nos confrontarmos com o processo "Apito Dourado", fugas fiscais dos clubes, transacções duvidosas de futebolistas e "lavagens de roupa suja" entre Carolina Salgado e Pinto da Costa, eis que surge a hipótese de os futebolistas passarem a pagar mais impostos ao Estado.
A polémica surge à volta deste tema no sentido em que até aos dias de hoje estes profissionais puderam usufruir de regalias fiscais, uma vez que têm uma perspectiva de carreira curta devido ao desgaste fisico a que estão sujeitos, mas que tal como nos diz o crónico deste jornal, há que concordar que toda e qualquer profissão leva a um desgaste, senão fisico, psiquico.
Se estas preocupações não abrangem todas as profissões, deve então deixar de se beneficiar os futebolistas e tomá-los como contribuintes iguais aos restantes do país.
Por outro lado, é certo que apenas uma minoria de jogadores recebem avultados salários, e que os restantes têm a vida dificultada com a lei que se prevê.
Porém na minha opinião, a questão resolvia-se se o imposto a pagar se aplica-se conforme o rendimento obtido por cada jogador. Não havendo esta perspectiva, por parte do governo, acredito que pela primeira vez em Portugal esta classe de profissionais esteja a sentir na pele os problemas que o aumento de impostos e a redução de regalias a trabalhadores estatais ou particulares têm trazido aos portugueses no geral, levando a que se oiça também pela primeira vez a possibilidade de uma greve futebolistica.
Já que não podemos evitar os impostos, então que soframos todos as consequências da aplicação dos mesmos!
1 comentário:
"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.
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