Quinta-feira, 11 de Janeiro de 2007 (Correio da Manhã)
Leiria - Assaltantes ainda atingiram vítima à facada.
A vizinha ouviu o barulho de vidros a quebrar e de móveis a arrastar, mas quando foi ontem à Ourivesaria Rolo, em Bajouca, Leiria, já o proprietário estava no exterior a sangrar. Tinha sido assaltado, baleado e esfaqueado, acabando por morrer minutos mais tarde. Os suspeitos do homicídio, um casal com pronúncia brasileira, fugiram sem roubar quase nada.
Quem conhecia Manuel Silva Rolo, de 55 anos, garante que “não era homem para se ficar”. Há dois anos, afugentou à vassourada um grupo de etnia cigana que se preparava para assaltar a retrosaria da vizinha. Ontem, fez frente ao homem e à mulher que entraram na sua ourivesaria como clientes e se revelaram como ladrões. Lutou com eles, mas desta vez pagou o preço da valentia com a própria vida. Manuel Rolo estava na loja, no centro da Bajouca, quando a dupla entrou, perto das 12h00. Primeiro, pediram para ver uns artigos em ouro. Depois, empunharam as armas e revelaram as suas intenções: “Isto é um assalto”, gritaram. O empresário tentou impedir o roubo, mas acabou baleado – com um tiro numa perna e num pulmão – e esfaqueado, com três golpes no abdómen.Os suspeitos puseram-se em fuga e Manuel Rolo saiu da ourivesaria para pedir socorro. “Ó Lígia, ajuda-me!”, implorou para a vizinha, com as mãos ensanguentadas, agarradas à barriga. A lojista amparou-o e pediu à sua colega Isabel Gonçalves que chamasse uma ambulância. Ficaram ambas a prestar-lhe auxílio, mas não resistiu aos ferimentos. “A equipa do INEM ainda fez manobras de reanimação, mas sem sucesso”, lamenta Isabel Gonçalves.Após o assalto, a GNR montou um perímetro de segurança nas imediações da ourivesaria e a Polícia Judiciária de Leiria procedeu à recolha de provas.O filme do assalto ficou registado no sistema de videovigilância que Manuel Rolo tinha montado no estabelecimento, mas nem eram necessárias as imagens para a população começar a juntar o puzzle e apontar o dedo ao “casalinho escuro, bem-falante e bem vestido”, que se passeara horas antes pelas ruas da localidade.“Têm ambos perto de 30 anos, andaram por aí os dois agarradinhos e até foram tomar café antes do assalto”, revela um morador. A proprietária do café, que fica a uma centena de metros da ourivesaria, confirma: “Estiveram aqui, foram os dois à casa de banho e a rapariga até se meteu com a minha netinha.”Ao que tudo indica, o casal chegou de carro à Bajouca, estacionou a viatura junto à escola primária e fez o reconhecimento do local a pé.Depois do assalto fugiu no veículo, não estando excluída a hipótese de ter sido auxiliado por um terceiro indivíduo. O corpo de Manuel Rolo foi transportado para o Gabinete do Instituto de Medicina Legal, no Hospital de Santo André, em Leiria, onde será autopsiado.Ao final da tarde, os técnicos de uma empresa de segurança procediam à recolha das imagens captadas pelas câmaras da ourivesaria, para entregar aos inspectores da PJ.
Manuel Rolo tinha duas ourivesarias, que geria com a ajuda das duas filhas. A da Bajouca, que explorava há 16 anos, e outra em Monte Redondo, de onde era natural.
A segurança era uma área que o ourives não descurava. Tinha investido num sofisticado sistema de videovigilância e num alarme que estava ligado à outra ourivesaria.
As testemunhas tiveram a preocupação de não entrar no estabelecimento para preservar as provas. Do exterior, viram um invólucro, uma martelo e uma arma branca no chão
O proprietário da Ourivesaria Rolo era uma pessoa “forte e bem constituída”. Além dos tiros e das facadas, apresentava ferimentos nos pulsos, provocados durante a luta com os assaltantes.
Os roubos a ourivesarias com recurso a armas de fogo têm vindo a aumentar nos últimos meses, como divulgou o CM no domingo. A seguir a Lisboa, Porto e Setúbal, o distrito de Leiria foi o que registou maior número de assaltos violentos o ano passado. Os ladrões recorrem cada vez mais às armas de fogo e não hesitam em disparar, quando se sentem ameaçados. No sábado, na Batalha, um ourives resistiu a uma dupla de larápios e conseguiu sair para a rua, para pedir socorro. Os assaltantes dispararam dois tiros dentro do estabelecimento, mas com uma pistola de alarme. Pouco depois, um dos suspeitos foi detido pela Brigada de Trânsito da GNR de Leiria, após uma perseguição a alta velocidade e uma troca de tiros. O outro conseguiu escapar e continuava ontem a monte.
Francisco Pedro, Leiria
Comentário
Que dias nos esperam? O perigo aumenta cada vez mais para quem têm negócios onde lutou toda a vida para ter um futuro melhor.
Mas a segurança, onde está?
Bem, mas se o ser humano não se tivesse tornado tão violento e criminoso, não era necessário tanta segurança.
É tudo uma questão de má gerência dos Valores Éticos de cada um, resultado muitas vezes das dificuldades que aumentam de dia para dia com a falta de emprego, de trabalho e consequente falta de meios de sobrevivência.
Neste caso os assaltantes possivelmente serão imigrantes, mas não são só os imigrantes a assaltar e a assassinar, muitas vezes são também nossos “conterrâneos”.
Um possível controlo desta e muitas destas situações terá que partir do nosso estado e nossas autoridades máximas, mas também sempre acompanhado de uma sensibilização das pessoas e de um reforço positivo dos seus Valores Éticos.
Francisco Pires n.º 3518 3.º ano Gestão de Empresas Diurno
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1 comentário:
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