terça-feira, janeiro 09, 2007

Clones curam Espanhóis

Noticia retirada do site www.correiodamanha.pt pesquisa feita no dia 06/01/07 pelas 14:30

“Espanha vai avançar com a clonagem terapêutica prometendo aplicá-la de acordo com as garantias éticas, jurídicas e sanitárias que já são seguidas no Reino Unido, Bélgica e Suécia.
Trata-se de de um projecto-lei de investigação biomédica aprovado sexta-feira e que permitirá a clonagem visando a medicina regenerativa. Esta prática pode traduzir-se no tratamento de doenças como o Alzheimer, diabetes, algumas lesões cardiovasculares e formas de cancro.
Tal avanço vai intensificar a discussão sobre o tema em Portugal, apesar de o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida já ter mostrado alguma abertura nesta matéria.
O seu último parecer, emitido em Abril deste ano, reconhece precisamente os benefícios da clonagem terapêutica.Recordando que já existe um projecto na Assembleia da República sobre esta matéria, da autoria do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda, Carolino Monteiro, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, aplaude a iniciativa espanhola, sublinhando que em Portugal falta apenas vontade política para seguir o mesmo caminho.“A Espanha acompanha um movimento que investe na clonagem terapêutica como única forma de tratar algumas doenças, considerando o embrião como uma entidade respeitável, mas que, quando já não pode ser transferido para o útero materno, será mais importante utilizá-lo na investigação do que deitá-lo para o caixote do lixo”, diz o especialista em Genética Humana.O processo de clonagem terapêutica consiste na extracção de um núcleo de uma célula adulta e na sua transferência para um óvulo sem núcleo. Desta forma, o óvulo desenvolve-se e converte-se num embrião.Foi com este processo que nasceu a ovelha ‘Dolly’ há dez anos, o primeiro mamífero produzido por clonagem resultante de transferência nuclear somática.
Do ponto de vista do impacto histórico e científico, a sua criação foi comparada ao da bomba atómica.
Porém, o fosso entre ciência, ética e religião não permitiu gandes avanços nesta matéria. Depois de ‘Dolly’, outros animais foram usados em processos idênticos – ratos, porcos, bovinos, coelhos, gatos, macacos e cavalos –, mas a taxa de eficiência situou-se nos dez por cento.Em Portugal, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, numa posição inédita, já reconheceu as potencialidades terapêuticas da clonagem para o ser humano, fazendo depender o seu aval do tipo de produto usado na transferência nuclear.”

Resolvi escolher esta notícia pois na minha opinião as questões que envolvem a clonagem, neste caso a clonagem terapêutica vão muito de encontro ás questões éticas e ate mesmo aos códigos de éticas implementados pelos médicos.
Nestes códigos são mencionadas bases como a honra e a dignidade, o medico deve guardar absoluto respeito pela vida humana.
Ora os médicos ao inicial a pratica deste tipo de clonagem vão estar a meter vidas em jogo, vão utilizar essas mesmas vidas para realizar “experiências”em que essas mesmas vidas vão estar em jogo.
Será que com o início à prática da clonagem terapêutica estas bases iriam continuar a existir? Será que a dignidade e a honra irá continuar presente nos corredores dos hospitais e clínicas?
Temos que saber agradecer os avanços da ciência, mas não podemos deixar-nos enganar por estes.
Quando falamos em questões éticas referimo-nos a um conjunto de leis morais de um determinado lugar, o qual determina os valores humanos e morais de uma sociedade, de modo a que cada um reflicta sobre as suas atitudes, as quais reflectem a sua dignidade humana.
A clonagem terapêutica consiste na obtenção de células capazes de produzir tecido ou órgãos que serão transplantados para doentes.
Na minha opinião a clonagem terapêutica fere a ética de varias maneiras, perdemos o nosso bom senso no que respeita à moralidade e maravilha da vida humana.
À quem acredite que através deste tipo de clonagem se poderá revolucionar a medicina, que através dele se poderá vir a curar doenças conhecidas como incuráveis.
Mas e em questões éticas? O que se encontra em jogo são embriões, ou seja, vida.
Não é pelo simples facto do embrião estar congelado que deixa de ser um ser humano, logo, podemos afirmar que a clonagem terapêutica é um assassinato, pois o embrião desde o momento que é concebido passa a ter direito á vida.
Com a pratica da clonagem terapêutica estamos a sacrificar uma vida futura para o beneficio de alguém, ou seja, o que se propõe com a produção de embriões humanos para utilizações futuras põe de lado as regras éticas.
Um embrião mesmo com algumas horas de existência já é um ser humano, logo as pesquisas de clonagem terapêutica vão de encontro ao sentido da investigação científica.
O ser humano não deve ser utilizado como um meio para atingir um fim.
A clonagem terapêutica apenas retrata simultaneamente a criação de um ser humano para sacrifica-lo com fins médicos.
Esta pratica nunca poderá vir a ser realizada dentro das garantias da ética, não podemos aceitar destruir futuras vidas para praticar experiências que poderão ou não vir a ser úteis futuramente.
No que toca à questão destas praticas serem realizadas em Portugal o futuro não é promissor, o nosso pais não se encontra preparado para tal pratica, Portugal é ainda em questões éticas um pais muito reservado.
Caso a clonagem terapêutica seja banalizada vamos estar a um passo da aprovação á clonagem reprodutiva. Estará a sociedade preparada eticamente para respeitar os protagonistas da clonagem como seres humanos que são?

2 comentários:

Ana Baptista, n.º 3777 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Baptista, n.º 3777 disse...

Comentário à notícia “Clones curam Espanhóis”

A ética da clonagem humana tornou-se num assunto bastante importante nos últimos anos, pois a clonagem é um dos grandes temas de questionamento ético actual. A Associação Médica Americana (AMA) definiu a clonagem como “a produção de organismos geneticamente idênticos através da transferência nuclear de células somáticas”. Clonagem, na minha opinião é o processo natural ou artificial pelo qual são produzidos clones, cópias fiéis geneticamente de outro ser, por reprodução assexuada. Clonar significa produzir indivíduos idênticos a um outro, por meio de técnicas que excluem a fertilização.
A clonagem é um processo de reprodução assexuada, onde são obtidos indivíduos geneticamente iguais (micro organismo, vegetal ou animal) a partir de uma célula-mãe. Em humanos, os clones naturais são gémeos uni vitelinos, seres que compartilham do mesmo DNA, ou seja, do mesmo material genético originado pela divisão do óvulo fertilizado.
Ficção ou não, a ciência avança a passos largos e as técnicas de clonagem sejam elas para vegetais ou animais deverão ser cada vez mais estudadas e aperfeiçoadas. A questão central é saber de que forma e para que fins essa tecnologia será manipulada. Mesmo que as pesquisas avancem no plano terapêutico, a possibilidade ou não de se manipular células humanas deve ser tratada com extrema prudência e regulada por comissões disciplinares para que empresas oportunistas não venham a se utilizar da técnica para outros fins que não o avanço da ciência e benefício da humanidade.
Podemos abordar a clonagem humana em dois aspectos: o seu uso para a reprodução assistida (clonagem reprodutiva), e a clonagem de tecidos e órgãos (clonagem terapêutica).
Clonagem reprodutiva: toda a criança nascida de uma mistura genética entre dois progenitores é imprevisível, um dom de graça, parecida e ao mesmo tempo diferente daqueles que a trouxeram ao mundo. Esta mistura de parentesco e a diferença é o aspecto essencial dos relacionamentos humanos. Está por detrás daquilo que a crença que define a civilização ocidental, que cada individuo é único e insubstituível. O que aconteceria ao nosso senso de individualidade se fossemos feitos sob encomenda? É o espaço que criamos para a diversidade que torna o amor algo mais que narcisismo, e a paternidade algo maior que uma auto cópia. É isso que dá a cada criança o direito de ser ela mesma, de saber que não é a reprodução de alguém, constituída segundo um molde genético pré-planeado ao capricho de alguém. Assim, é minha opinião que a clonagem reprodutiva é eticamente condenável, logo não estou de acordo com esta clonagem.
Relativamente à clonagem terapêutica, esta seria sem dúvida vantajosa, tanto para a ciência como para a medicina. Trará possivelmente avanços acerca do conhecimento da diferenciação celular, acerca de como produzir órgãos sem a necessidade de produzir seres humanos, e possibilitaria com certeza desenvolvimentos na tecnologia, o que poderia permitir o acesso a testes genéticos e a tratamentos de problemas como lesões da espinal-medula, cancro, entre outros. A clonagem de órgãos para transplante é provavelmente a maior razão prática para permitir a clonagem. Combinando a tecnologia da clonagem com a tecnologia de crescimento de células germinativas humanas, doenças crónicas como Alzheimer, Perkinson e a doença degenerativa das articulações podem ser curáveis. As possibilidades são infindáveis e podem permanecer por descobrir se a clonagem humana for banalizada. Relativamente a esta eu já estou mais convencida, uma vez que a clonagem terapêutica tem como objectivo a obtenção de tecidos ou órgãos destinados a fins médicos.
A clonagem humana, com fins "reprodutivos" ou "terapêuticos" ultrapassou desta forma a fase das especulações científicas, e em breve será uma realidade. Em Espanha a clonagem terapêutica vai começar-se a usar, respeitando a ética e outros métodos já seguidos também por outros países, eu concordo e discordo, pois ajuda a curar certas doenças incuráveis mas ao mesmo tempo vai contra os princípios éticos (tanto do cidadão como dos médicos). O objectivo desta é salvar pessoas, pois através da medicina regenerativa, os médicos vão conseguir tratar de doenças como a diabetes, alzheimer, algumas lesões cardiovasculares e formas de cancro, ao se tratar destas doenças muitas pessoas vão ser tratadas e assim ter uma vida mais digna e saudável, talvez não seja muito ético, como já o referi, visto uma vida não nascer para que outras sobrevivem, mas será uma boa vantagem para a Espanha como também para Portugal, uma vez que em Portugal falta apenas vontade politica para aderir a esta terapia, parece que o nosso Estado esta a “acordar” para os avanços que nos debatemos todos os dias. Mas em Portugal, ainda não existe legislação sobre clonagem terapêutica. Porém, o Artigo 18 da Convenção de Oviedo - que tem força de lei em Portugal - proíbe explicitamente a "criação de embriões humanos para fins de investigação ".
Relativamente ainda à clonagem terapêutica no princípio de 2001, o governo da Grã Bretanha deu luz verde à clonagem de embriões humanos com fins terapêuticos. Foi o primeiro governo do mundo a fazê-lo.
Estamos perante um tipo de clonagem que tem gerado um largo consenso favorável entre a comunidade científica. Entre as possibilidades geradas por esta técnica indicam-se as seguintes:
Ø A maioria dos investigadores acredita que a clonagem terapêutica pode revolucionar a medicina, ao permitir desenvolver todo o tipo de tecidos (incluindo nervos, músculos, sangue e ossos) a partir de células mães, isto é, das que constituem um embrião com poucos dias antes de estas começarem a diferenciar-se.
Ø Poder-se-ia substituir tecidos danificados por tecidos sãos, o que permitiria "curar" muitas enfermidades degenerativas que hoje não têm cura, como a doença de Parkinson, Alzheimer e certas debilidades cardíacas, já mencionado anteriormente.
Ø Os grandes avanços seriam possíveis nomeadamente na resolução do problema da rejeição dos transplantes. Se uma pessoa recebe um tecido que provêm do seu próprio corpo, o sistema imunológico não o ataca. Esta técnica foi já comprovada em ratos.

É de salientar alguns problemas éticos: A questão da clonagem humana não pode ser reduzida apenas a um problema técnico. Está em jogo não apenas a vida de um novo ser, mas a sua própria dignidade enquanto pessoa. Ao clonar-se as células de um ser humano destrói-se a própria identidade do novo ser. Deixamos de ter indivíduos, e como tais únicos e irrepetíveis, para termos múltiplos sem dignidade própria. Com que fundamento moral se pode produzir seres para servirem de material genético para outros seres? Com que fundamento se pode produzir seres humanos deficientes apenas para gozo de frustrados pais ou em nome de progresso científico?

O objectivo da investigação da clonagem humana nunca foi clonar pessoas ou criar bebés para no futuro serem dadores de partes ou produtos humanos. A investigação tem como objectivo obter células estaminais para curar doenças. Os médicos consideram os riscos da clonagem humana muito elevados. De modo a elaborar uma lei que proíba ou permita a utilização de embriões na investigação médica, os legisladores devem discutir estes assuntos com cientistas, líderes religiosos, especialistas em bioética, grupos de pressão e outros elementos da sociedade civil. A variedade cultural e histórica existente na Europa fez com que cada país tenha elaborado leis diferentes sobre a utilização de embriões. Em alguns casos, o que é legal num país é proibido noutro.
A utilização de um embrião provoca problemas éticos. Eu não concordo com a clonagem, estava reticente à clonagem terapêutica, mas uma vez estudada esta, verifico que haverá falta de ética e de moral perante quem a investiga e a use para tais factos.

Eu não sou a favor da clonagem porque, contra esta pode-se alegar: a santidade da vida humana; o risco à diversidade genética humana; o fim da lotaria natural na determinação do genoma de alguém; a exclusão da identidade genética única de cada individuo; a escolha dos filhos pelos pais ao invés de serem dados; os riscos médicos, psicológicos, sociais e legais envolvidos.
É de evidenciar que no plano dos direitos do homem, uma eventual clonagem humana representaria uma violação dos dois princípios fundamentais sobre os quais se baseiam todos os direitos do homem: o princípio da paridade entre os seres humanos e o princípio da não-discriminação.
Para garantir a protecção dos direitos fundamentais do homem e da mulher, o Direito deve intervir para reprimir abusos, como as experiências sobre o homem; para estabelecer regras de conduta a certas categorias profissionais, a partir dos códigos de ética médica; para garantir o direito dos indivíduos e a perenidade da espécie humana - património genético indisponível e a biodiversidade. O Direito deve assegurar o respeito e a protecção aos Direitos do Homem, às regras das Nações Unidas, às resoluções da Organização Mundial da Saúde e do Conselho da Europa.


Ana Lúcia Pinto Baptista, n.º3777 – Gestão de Empresas (Diurno)