sábado, janeiro 06, 2007

Economistas portugueses criticam aumento das taxas de juro pelo BCE 08.12.2006 - 11h39 Lusa, PÚBLICO

O aumento das taxas de juro decidido ontem pelo Banco Central Europeu não tem justificação e vai prejudicar o crescimento da economia portuguesa, defendem os economistas João Ferreira do Amaral, Luís Mira Amaral, Octávio Teixeira e José Silva Lopes.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu ontem subir a taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, para 3,5 por cento. Este é já o sexto aumento consecutivo do preço do dinheiro desde Dezembro de 2005 e é esperada uma nova subida para o início do próximo ano.O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) João Ferreira do Amaral afirmou, em declarações à agência Lusa, que "não se vê qualquer justificação para o aumento dos juros, porque não há pressões inflacionistas" que o justifiquem.Ferreira do Amaral — que se pronunciou contra o aumento de taxas do BCE e contra eventuais novos aumentos — classificou a decisão como "um excesso de zelo".O economista sublinha que o aumento dos juros introduz uma pressão maior sobre as famílias, com o aumento dos encargos da dívida, o que afectará o consumo privado, contribuindo, "provavelmente", para uma desaceleração do crescimento.Além disso, uma possível valorização do euro será negativa para as exportações portuguesas, explicou o economista, admitindo que os reflexos do aumento de juros sobre o consumo e as exportações sejam negativos para o crescimento económico do país em 2007."Boa notícia seria se as subidas parassem"Para o presidente do Fórum para a Competitividade, Luís Mira Amaral, "a boa notícia seria se as subidas de taxas de juros parassem".O antigo ministro dos governos de Cavaco Silva salientou que a valorização do euro em relação ao dólar tem "um efeito contraccionista" na política monetária e não fará sentido uma nova subida, particularmente se a Reserva Federal norte-americana (Fed, banco central do país) interromper o ciclo de subida dos juros.Mira Amaral sublinhou que a economia portuguesa é das mais endividadas e que a subida das taxas de juro "tem efeitos nefastos para as famílias, para as empresas e para o Estado", embora tendo como efeito positivo o estímulo à poupança.As vendas ao exterior, disse, são prejudicadas pela valorização do euro, que afecta negativamente as exportações portuguesas para países não comunitários, que têm sido este ano um factor de aceleração das exportações.Assim, diz, o crescimento das exportações e do Produto Interno Bruto não deverá ser em 2007 superior ao deste ano.Seis aumentos num ano "é uma loucura completa"Mais incisivo nas críticas, o economista Octávio Teixeira considerou que o aumento das taxas de juro "é uma desgraça para a economia portuguesa" e que seis aumentos no espaço de um ano "é uma loucura completa".Para o ex-líder parlamentar do PCP e antigo quadro do Banco de Portugal, a decisão do BCE "prejudica as famílias portuguesas e vai ter consequências extremamente negativas para a economia europeia, em geral, e para a economia nacional, em particular".A actual situação, defendeu, "tem a ver com um erro crasso do Tratado de Maastricht", que estabelece como prioridade do BCE a estabilidade de preços em vez de dar prioridade ao crescimento e emprego."A revalorização do euro vai ter reflexos negativos nas exportações, porque afecta a competitividade face a grande parte dos países do mundo, que em muitos casos têm moedas alinhadas com o dólar", acrescentou.Octávio Teixeira defende que, num país com as famílias "fortemente endividadas", as consequências do aumento dos juros "são graves" e terá como consequência a desaceleração do consumo privado, observando que "o crescimento e o emprego vão pagar este aumento" de taxas."Recuperação europeia está no princípio"O presidente do Montepio Geral, José Silva Lopes, discorda também do aumento das taxas directoras do BCE e afirmou que no próximo ano "o razoável era que não se aumentasse mais ainda as taxas, a não ser que houvesse acontecimentos novos que o justificassem".O antigo ministro das Finanças e antigo governador do Banco de Portugal defende que "a recuperação europeia está no princípio, ainda não está suficientemente sólida", a inflação não está alta e, assim, teria sido preferível não aumentar as taxas de juro.O responsável observou, também, que a Zona Euro regista taxas de crescimento inferiores às dos Estados Unidos e o desemprego ainda está muito alto na Europa, embora com alguma melhoria."Este aumento nunca deveria ter acontecido, embora tenha de reconhecer que as taxas estão baixas numa perspectiva histórica", concluiu.

Comentário Esta é uma situação nada ética. As constantes subidas de taxas de juros deveriam parar.

A nossa economia é a mais endividada, e esta subida de taxas de juros “tem efeitos nefastos para as famílias, para as empresas e para o Estado”, embora exista um estímulo à poupança.
Na minha opinião seja difícil alguém poupar quando os salários são baixos e quando numa família apenas um dos elementos trabalha. Obvio que se tem de fazer um “pé-de-meia” para dias piores que possam surgir, mas seria um pouco mais fácil poupar se as taxas de juro parassem de subir nos próximos anos. A nossa sociedade não está preparada economicamente, nem psicologicamente para estes constantes aumentos. È difícil a uma família com baixos rendimentos suportar, por exemplo a prestação de uma habitação e se tiver filhos em idade escolar, mais difícil se torna.
Talvez seja mais fácil pensar apenas nos lucros e nas vantagens que estes aumentos têm para os bancos e seus accionistas. É mais fácil a sociedade ser a sacrificada. No entanto a sociedade deveria ser mais respeitada quando se trata destes aumentos, porque se não for a sociedade como pode haver economia sem poder de compra.
O aumento das taxas de juros conduzirá a grande maioria dos portugueses a um beco sem saída, o crescimento dos ordenados não é compatível. De dia para dia os portugueses estão a perder qualidade de vida! Para que isso não aconteça os salários deveriam ser actualizados de forma a compensar as sussecivas perdas dos salários reais ocorridas nas últimas duas décadas.
Infelizmente a nossa sociedade não está a ser respeitada e cada vez mais as famílias, e até mesmo certas micro-empresas, ficarão cada vez mais endividadas e, no segundo caso falidas. Estas condutas não éticas, terão consequências graves, caso não sejam revistas a tempo de sofrerem alterações. É triste ver uma família perder a sua casa e sabe-se lá se terão para onde ir viver, por isso e cada vez mais encontraremos gente a mendigar. O lema que, na minha opinião deveria ser adoptado era, vamos manter as taxas de juro como estão durante alguns anos e tentar recuperar a nossa economia de outro modo. Talvez cobrando juros aos estrangeiros que colocam o seu negócio e é o nosso estado que paga tudo.
Vamos apoiar as nossas famílias de modo a que estas não sejam destruídas por falta de dinheiro, dando-lhes tranquilidade e confiança de modo a que se possa voltar a investir e recuperar a nossa economia.
Outras das soluções para aliviar os encargos das famílias será: renegociar o spread; aumento do prazo de pagamento de empréstimo (em casos extremos); consolidação de créditos; ajuda nos gabinetes de apoio aos sobre endividados; período de carência ou diferimento de parte do capital.

Para além destas soluções, as famílias deverão elas próprias evitar certos empréstimos, digamos empréstimos sobre coisas desnecessárias. O BCE afirma e garante que o preço do dinheiro vai continuar a subir, logo o poder de compra das famílias vai ser menor. Ora todos estes ingredientes vão dar origem a uma subida do credito mal parado, por impossibilidade das famílias honrarem os seus compromissos, para terminar prevejo que nos próximos anos os Portugueses vão passar por momentos muito difíceis diria mesmo dramáticos, por força é certo da própria situação económica do pais, mas também pela incúria de muitos, que não acautelaram devidamente as suas reais possibilidades de endividamento, sofrendo por isso as inevitáveis consequências.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.