terça-feira, janeiro 09, 2007

Esdime certifica ensino do 12.º ano

Esdime certifica ensino do 12º ano

Esdime vai ser uma das cinco entidades certificadoras do 12º ano de escolaridade no Alentejo. Este trabalho vai ser feito no âmbito da fase de experimentação e implementação de um processo que pretende validar as competências de cidadãos que, em idade escolar, não tiveram oportunidade de assegurar este grau de ensino. A escolha da esdime surge na sequência do trabalho desenvolvido desde 2001 para aumentar a escolaridade da população “a partir das experiências e competências desenvolvidas ao longo da vida”. “As pessoas desenvolvem uma série de competências e adquirem conhecimentos que devem ter uma equivalência escolar”, explica David Marques, presidente daquela agência de desenvolvimento local sedeada em Messejana.O mesmo responsável considera este processo “oportuno” e, no caso do distrito de Beja, “uma medida vital”, considerando o alto grau de abandono escolar que se registou ao longo dos anos. “Se nós temos uma população com tanto insucesso, era preciso criar um sistema alternativo que se adaptasse às pessoas, validando as suas competências. Para os que estão desempregados torna-se mais fácil arranjar emprego. Para os que estão empregados torna-se mais fácil progredir na carreira. Para os que simplesmente precisam de um novo alento ou uma nova motivação na vida, isto também cria essa oportunidade”, adianta David Marques. Apesar da necessidade deste sistema, a verdade é que surgiram muitas críticas ao modo como está definido. Sobretudo porque, deste modo, há quem assegure o 12º ano de escolaridade num período de tempo muito curto e de modo muito diferente daquele que é ministrado nos estabelecimentos de ensino.David Marques defende que, quando se cria “um sistema flexível que foge das regras mais conservadoras”, a tendência é surgirem críticas, “sobretudo se não se comprovar que é um sistema válido e rigoroso”. “O nosso esforço é para fazer um trabalho que nos permita ter a consciência tranquila e que esteja de acordo com os princípios e as exigências estabelecidas. Acreditamos que este sistema só será fiável se for desenvolvido com máximo rigor e transparência”, esclarece o dirigente, admitindo que tem havido dificuldade em explicar os termos deste processo à opinião pública.

Comentário:
Esta notícia foi retirada do Correio Alentejo, no dia 29 de Dezembro de 2006.
Quando vi esta notícia fiquei curiosa em entender como se efectua este processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, como vemos reconhecidas e validadas as competências que adquirimos ao longo da vida, como é possível ver isso reconhecido no papel, através de um certificado escolar, autenticado pelo Ministério da Educação.
Todos nós somos portadores de saberes e competências, adquiridos ao longo da vida.Aprendemos primeiro com a família as primeiras palavras, os primeiros valores para viver em sociedade, aprendemos na escola a ler, a escrever, a contar e a sermos cidadãos intervenientes nas organizações em que participamos, a nível local e nacional. Reforçamos esses saberes e competências em situação de formação, exercendo uma actividade profissional, convivendo com os outros, alargando a nossa experiência.
Depois de descobrir qual o papel desta entidade no desenvolvimento local no Alentejo, fiquei estupefacta com o trabalho desenvolvido por esta entidade, principalmente na área da educação e formação de adultos. O CRVCC da Esdime – Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo Sudoeste, sedeada em Messejana, foi escolhido para ser uma das entidades certificadoras do 12.º ano de escolaridade no âmbito da fase de experimentação e implementação do Processo de Validação e Certificação de Competências. Dos 270 centros que existem no país, foram seleccionados 56, cinco deles em todo o Alentejo, para o arranque deste processo.O CRVCC da Esdime, conhecido pela “A casa do Saber +” é uma das cinco entidades que, na região Alentejo, vai desenvolver este trabalho ao longo do ano de 2007. Para além da Esdime, foram escolhidas mais quatro entidades para a Certificação a nível do 12.º ano, a Fundação Alentejo em Évora, o Agrupamento de Escolas de Mértola, o Centro de Formação Profissional de Portalegre e a Escola Secundária de Vendas Novas. O arranque desta iniciativa ocorreu ainda em Dezembro de 2006, a Casa do Saber +, com instalações em Ferreira do Alentejo, abriu um período de inscrições, durante os dias 18 e 19 de Dezembro, obtendo uma grande afluência de adultos interessados neste processo. O Processo RVCC, trata-se de um processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Isto é, no Centro de RVCC o adulto vê reconhecidas/ identificadas as competências que possui nos mais variados contextos de vida.
Estas competências são validadas uma vez que ficam registadas na Carteira de Competências - Chave do adulto, o que vai conduzir a um certificado correspondente ao nível B1, B2, B3 e B4 (4º ano, 6º ano, 9º ano e 12.º ano) através da emissão de um certificado pelo Ministério da Educação. Existindo muitas pessoas com baixa qualificação escolar, quis saber como poderia frequentar este tipo de processo?
Para frequentar o Processo RVCC basta fazer uma inscrição num dos centros a nível nacional, e aí são-lhe dadas todas as informações relativas ao seu funcionamento. O Sistema RVCC foi criado para colmatar disparidades entre adultos com e sem certificação escolar, no sentido de permitir a igualdade de oportunidades e a melhoria da empregabilidade para os adultos sub certificados. Está inserido no quadro de uma política de educação e formação de adultos.
Os Centros RVCC foram criados com o objectivo de promover os níveis de qualificação escolar dos adultos maiores de dezoito anos e as actividades nestes Centros são asseguradas/promovidas por uma equipa diversificada, mas complementar e articulada de profissionais (Profissionais de RVC, Formadores, Técnicos de Apoio administrativo e de apoio à gestão financeira, Coordenador/Director/Animador e Avaliador Externo), sendo de destacar os Profissionais de RVC, que são os “principais responsáveis pelas actividades inerentes ao eixo do reconhecimento”. Estes elementos da equipa do Centro “acompanham o adulto desde o início até que termine o processo RVCC no Centro”. Estes Centros têm como público-alvo jovens e adultos maiores de 18 anos sem a escolaridade básica de 12, 9, 6 ou 4 anos que pretendam obter uma certificação escolar equivalente, para todos os efeitos legais, aos 4.º, 3.º, 2.º e 1.º Ciclos do Ensino Básico e Secundário. A Actividade desenvolvida pelos Centros de RVCC junto dos adultos organiza-se em torno de três eixos de intervenção fundamentais:
Reconhecimento de Competências;
Validação de Competências e
Certificação de Competências.
A etapa respeitante ao reconhecimento de competências consiste na identificação pessoal das competências adquiridas pelos adultos ao longo da vida, através do desenvolvimento de actividades, a partir da utilização de metodologias de balanço de competências. Assim, são promovidas ocasiões de identificação de competências recorrendo os Centros de RVCC a um conjunto de meios (entrevistas, actividades, demonstrações, etc.) criando no adulto oportunidade para reflectir e avaliar as suas experiências de vida, pessoais e profissionais.
O eixo da validação de competências diz respeito ao acto formal realizado pelo Centro e decorre da realização do pedido de validação, pelo adulto, das competências adquiridas ao longo da vida e culmina com a realização do Júri de Validação A última etapa, eixo da certificação de competências, consiste na confirmação das competências adquiridas nos diferentes contextos Formais, não Formais e Informais) e constitui-se como o acto oficial de registos das competências.
Esta é uma alternativa ao sistema escolar, poder concluir os estudos sem voltar à escola, e ainda por cima ver reconhecidas aquelas competências que adquiri ao longo da minha vida, aquilo que sei fazer mas que não tenho nada que o comprove. O voltar a estudar, sem ter de voltar à escola, poder conciliar o meu horário de trabalho com todo este processo. Hoje em dia é muito complicado voltar a estudar, os filhos, o trabalho, as exigências do dia-a-dia, muitos portugueses vêem-se impossibilitados de concluírem os seus estudos.
Depois do adulto ver reconhecidas as suas competências, e de receberem o diploma escolar, o adulto está agora pronto para enfrentar de novo o mercado de trabalho, agora com mais qualificação escolar e formativa. Para os desempregados, esta é a oportunidade que têm para aumentar a sua escolaridade para poderem mais facilmente arranjarem um emprego de acordo com as suas competências, em relação aos empregados, é a oportunidade de progredirem na carreira profissional, e quem sabe até por valorização pessoal, para poderem dizer que já têm o 12.º ano, ou talvez até a progressão de estudos para o nível superior, e concretizar um sonho há muito esquecido e ultrapassado.
“ O saber não ocupa lugar”

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.