sexta-feira, janeiro 12, 2007

Médicos de Lagos acusados de homicídio

A juíza do Tribunal de Portimão Ana Lúcia pronunciou a anestesista e o director do Hospital Distrital de Lagos, respectivamente, pela prática de dois crimes de homicídio por negligência e um crime da mesma natureza, na sequência do falecimento, nos dias 29 e 30 de Março de 2004, de dois pacientes quando se encontravam no bloco operatório daquela unidade de saúde, onde deviam ser submetidos a pequenas intervenções cirúrgicas.O Centro Hospital do Barlavento Algarvio "ainda não foi notificado oficialmente" da decisão judicial, limitou-se a afirmar ao DN fonte daquela instituição, recusando, para já, tecer qualquer comentário sobre o caso.Na altura, Albertina Estêvão, então de 44 anos, casada, com um filho e residente em Albufeira, preparava-se para ser operada a uma fistula na zona perianal quando a indução da anestesia acabou por lhe ser fatal. Teve morte imediata. O outro paciente, Rui Manuel Gonçalves, de 35 anos, casado e também residente em Albufeira, onde trabalhava num bar, ia ser submetido à extracção de um quisto nas costas, intervenção considerada "menor", segundo lhe tinham referido os médicos. Contudo, também acabou por não resistir à anestesia, tendo falecido já a caminho do Hospital do Barlavento Algarvio, para onde fora transferido de urgência. Ambos tinham aguardado pelas cirurgias em lista de espera.As queixas apresentadas pelos familiares das duas vítimas acabariam por ser arquivadas Ministério Público de Lagos. Na sequência dos recursos interpostos ao Tribunal de Portimão, as famílias requereram a abertura da instrução dos processos, "pedindo a reapreciação de determinados factos mais do que suficientes para serem sujeitos a julgamento", o que mereceu o acolhimento por parte da juíza Ana Lúcia. A decisão foi conhecida, ontem, à tarde.Os dois arguidos - a anestesista Maria Jesus Lima e o médico Pimenta de Castro - poderão, no entanto, recorrer para o Tribunal da Relação de Évora. Segundo apurou o DN, incorrem em penas de prisão que poderão ir até oito ou 12 anos."Sempre lutei por isto e finalmente, vai haver justiça. Só quero que o culpado, ou os culpados pela morte do meu filho, sejam condenados" disse, ontem ao DN a mãe de Rui Gonçalves, ao tomar conhecimento da decisão do Tribunal de Portimão. Por seu turno, Manuel Soares, amigo da família e que ainda hoje se mostra estupefacto com óbito do jovem, "sempre saudável" e com quem praticava desporto, referiu que "se abre, agora, um novo alento" neste caso. "A família não quer receber indemnização, mas apenas levar o assunto até às últimas consequências e aguardar que seja feita justiça", disse.Já a advogada Tânia Luz, que patrocina a defesa da família de Albertina Estêvão, encara com "alguma esperança" o facto de os dois clínicos terem sido agora acusados. "O objectivo é apurar responsabilidades em julgamento pela morte de duas pessoas", afirmou ao DN a causídica.

José Manuel Oliveira

http://dn.sapo.pt/2006/12/22/sociedade/medicos_lagos_acusados_homicidio.html

Comentário:

Nesta notícia podemos constar que houve falta ética por parte da anestesista e do director do Hospital Distrital de Lagos.
É no mínimo insólito haver duas pessoas que morreram por causa duma anestesia num curto espaço de tempo. Será que a anestesista não sabia o que estava a fazer ou não estava em condições físicas e psicológicas de estar a trabalhar? Este tipo de profissionais tem de estar conscientes que a vida das pessoas dependem deles, que uma anestesia mal administrada pode causar a morte como foi o caso destas duas vítimas. Estas duas pessoas entraram no hospital para fazer uma simples cirurgia e saem deste mortas e sem nenhuma explicação aos seus familiares.
A anestesista não teve uma atitude ética, na primeira vez administrou mal a anestesia e a senhora morreu e no dia a seguir fez exactamente a mesma coisa. Como é que nos dias de hoje isto é possível, esta profissional não deu conta do seu erro, onde e que esta os seus valores éticos.
Nos nossos dias este tipo de situação já devia ser logo analisada porque alguma coisa não esta bem. Não entendo como e que depois de ter ocorrido uma morte devido a anestesia ter sido mal dada, a anestesista continuou a trabalhar como nada fosse. Foi preciso uma segunda pessoa morrer para ver que esta anestesista não estava a fazer as coisas bem.
A meu ver o director do hospital de lagos devia ter suspendido logo a anestesista devido a primeira morte que ocorreu e não esperar pela segunda morte.
O director do hospital distrital de lagos deveria ter assumido logo a culpa e as consequências dos actos. Este não teve uma atitude ética perante esta situação, podemos ver que houve negligência pura. Existe um culpado e este deve assumir os seus actos, era o mínimo que se podia fazer nesta situação.
Mas em vez de fazer alguma coisa o director não fez rigorosamente nada deixou a anestesista impune e esta fez outra vítima. Onde esta a ética deste profissional, a vida das pessoas não vale nada parar ele. Atitude mas correcta este tinha a tomar era suspender a anestesista das suas funções.
A ética é fundamental na vida das pessoas é preciso sermos sinceros connosco e com as outras pessoas e nao engana-las de modo a aproveitarmos da situação. tanto a anestesista como director do hospital distrital de lagos nao foi correcta com a familia das vitimas.
Eles nao assumiram os seus erros, não disseram nada a familia das vitimas nao assumiram as suas responsabilidades como profissionais. As vitimas confiaram a sua vida aquelas pessoas, e estas nao souberam retribuir essa confiança.
A anestesista devia saber que o que fez nao foi correcto que alguma coisa se passou, ela propria devia ter consciencia do que fez.
No entanto tornou a cometer o mesmo erro, sera que esta profissional nao tem consciencia do acto que cometeu. Se nao tem o caso ainda é mais grave.
Como pode uma pessoa como esta continuar a exercer a sua profissão com a consciencia tranquila ao saber que matou duas pessoas.
Em suma, posso dizer que nem a anestesista e nem o director tiveram uma atitude ética. A anestesista devia ter assumido logo a culpa na primeira morte e parar um pouco e verificar o que tinha feito mal. O director devia ter suspendido a anestesista das suas funções por uns tempos e verificar o que se tinha passado.
Espero que este caso sirva de exemplo para estes profissionais que eles pensem bem no que estao a fazer para não voltar acontecer o mesmo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Após a leitura desta notícia deparamo-nos mais uma vez com um caso de negligência médica nos hospitais portugueses.
Desta vez aconteceu no Hospital Distrital de Lagos, onde uma anestesista, ao administrar duas anestesias nos dias 29 e 30 de Março de 2004, leva à morte das duas pessoas sujeitas às mesmas.
De um lado tínhamos Albertina Estêvão, de 44 anos, que se preparava para ser operada a uma fístula na zona perianal.
De outro lado, Rui Manuel Gonçalves, de 35 anos e que iria ser submetido a uma intervenção cirúrgica para retirar um quisto nas costas.
Digamos que em qualquer dos casos se tratavam de cirurgias pequenas e aparentemente simples.
O que é facto é que qualquer uma destas operações levou à morte dos pacientes. Albertina Estêvão morreu de imediato e Rui Gonçalves morreu a caminho do Hospital do Barlavento Algarvio para onde teria sido transferido de urgência.
Como se podem explicar que estas coisas aconteçam? Mesmo ouvindo dizer, cada vez mais vezes, que a medicina está mais avançada, cada vez mais, também, se ouve falar em casos de negligência médica, como este, por exemplo. Não deveria proporcionar-se ao contrário? As profissões relacionadas com a área da medicina são muito delicadas e arriscadas, uma simples distracção pode ter consequências irreversíveis, como as consequências que tiveram estes dois casos.

Penso que neste caso, o erro parte logo desde o início. A partir do momento em que a anestesista Maria Jesus Lima administra uma anestesia, na sequência da qual o paciente morre, algo deveria ter sido feito logo naquele momento. O Director do Hospital de Lagos deveria ter, de imediato, averiguado o caso, deveria ter chamado a anestesista à razão, procurando saber o porquê de tal acontecimento. Deveria até ter suspendido a anestesista, evitando assim que esta errasse de novo, logo no dia seguinte! Assim sim, era agir correctamente e eticamente perante a sua profissão. Se existem regras a seguir nestes casos, se existe um código deontológico com “regras” a serem seguidas pelos profissionais da medicina e a referir como o médico deve agir perante os pacientes e até perante os colegas, porque nada foi feito? É certo que errar é humano, sim, mas errar desta forma e logo duas vezes praticamente seguidas, não é admissível. Este tipo de profissionais tem de estar conscientes do tipo de trabalho que têm em mãos. Contudo, nada do que era previsto foi feito. O Sr. Director nada fez e a anestesista errou novamente, no dia seguinte.

Existiu negligência pura por parte da anestesista e do director do hospital! A anestesista porque, certamente, se tem capacidades para exercer uma profissão arriscada como esta, também tem capacidade para se aperceber que errou logo da primeira vez, algo fez mal, algo não correu como o normal, algo deveria ser feito para saber o porquê desse erro. E o director porque era sua obrigação assumir a culpa, averiguar o que se tinha passado e saber junto da anestesista o porque de tal erro. Este deveria ter suspendido Maria Jesus Lima e deveria ter contactado a família da vítima para de alguma forma tentar explicar o sucedido, dando alguma justificação.
Mas não, ninguém assumiu a culpa, ninguém esclareceu a família da vítima e o pior aconteceu logo no dia seguinte. Mais uma pessoa morreu devido a uma anestesia mal administrada pela mesma enfermeira.

As famílias das vítimas apresentaram queixa, mas o processo acabou por ser arquivado pelo Ministério Público de Lagos. É óbvio que, ao apresentar queixa, as famílias não pretendem receber uma indemnização, não há dinheiro que pague a vida de uma pessoa. Estas pessoas apenas querem que seja feita justiça, e que os profissionais do nosso país que agem incorrectamente, violando os princípios éticos da sua profissão, sejam penalizados. É necessário que os médicos responsáveis e por vezes até o próprio hospital, sejam punidos pelos seus actos, evitando assim que mais casos voltem a acontecer.
Acredito que só quando começarem a ser aplicadas punições severas para este tipo de situações, é que as coisas começarão a mudar.
Felizmente, neste caso, foram interpostos recursos ao Tribunal de Portimão, sendo que as famílias das vítimas requereram a abertura da instrução dos processos, “pedindo a reapreciação de determinados factos mais do que suficientes para serem sujeitos a julgamento”.
Deste modo, a decisão por parte do tribunal já foi conhecida e, ainda que possam recorrer para o Tribunal da Relação de Évora, os dois arguidos incorrem em penas de prisão que poderão ir até oito ou doze anos de prisão.

Na minha opinião penso que estas duas pessoas devem ser julgadas e condenadas pelos erros que cometeram. Mas não só esta anestesista e este médico, assim como todos os profissionais que vão de encontro aos princípios éticos da sua profissão, pondo assim em risco a vida de pessoas que esperam, por vezes, anos e anos por uma pequena cirurgia, sem nunca imaginar que o pior pode acontecer, por pura negligência médica.