sexta-feira, janeiro 12, 2007

Negligência grave mata criança de 11 anos

Situações de negligência grave terão estado na origem da morte da menina de 11 anos que, em Janeiro passado, deu entrada no Hospital Amadora-Sintra para uma simples operação às amígdalas. A administração de um medicamento com uma concentração elevada terá sido a causa da morte de Ana Raquel. Ao que o DN apurou, a administração do hospital e todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência à criança vão ter de responder criminalmente, podendo ser acusados de homicídio involuntário. A Procuradoria-Geral da República já recebeu o relatório final da Inspecção-Geral da Saúde (IGS).
Ana Raquel foi internada no Fernando da Fonseca a 9 de Janeiro de 2004 para ser submetida a uma cirurgia às amígdalas. Depois da operação, que se prolongou por duas horas, a menina entrou em estado de coma profundo, acabando por falecer três dias depois. Dez meses após a morte, surgem as primeiras conclusões excesso de bicarbonato de sódio terá provocado a morte.
De acordo com as investigações conduzidas pelos quatro médicos, durante o internamento terão ocorrido situações concorrentes de negligência médica que levaram à morte da criança. Ou seja, os indícios recolhidos - que privilegiaram provas documentais e testemunhos - apontam para uma sucessão de falhas médicas nos cuidados prestados à criança, inclusive durante o pós-operatório.
Independentemente da responsabilidade disciplinar que vier a ser apurada pela IGS e pela Ordem dos Médicos - onde decorre também um processo de averiguações à actuação dos médicos -, o conselho de administração e todos os técnicos de saúde que prestaram cuidados à criança vão ter de responder criminalmente.
Logo após a morte de Ana Raquel, a administração do Hospital Amadora-Sintra emitiu um comunicado, no qual «lamentava profundamente o trágico acontecimento» e anunciava a abertura de um inquérito interno «para esclarecimento e apuramento de todas as responsabilidades». Mas, poucas semanas depois, a investigação terminava de forma «inconclusiva».
Comentario:
Mesmo com a medicina cada vez mais avançada, cada vez mais se ouve falar em casos de negligencia medica onde, na minha opiniao deveria acontecer cada vez menos.
Esta é uma profissão muito arriscada uma vez que o que os medicos "têm nas maos" sao vidas de pessoas e nao um instrumento de trabalho que se se deixar cair no chao nao ha problema. Temos, no entanto, que admitir que todas as pessoas erram, mas se for um advogado a errar (por exemplo) nao tem as mesmas consequencias do que se for um medico. Devido a isso, estes deveriam ter mais cuidado com a maneira como tratam os doentes.
No caso apresentado, uma simples operaçao às amigdalas originou a morte de Ana Raquel devido à negligencia dos medicos, uma vez que houve uma sucessao de falhas medicas nos cuidados prestados à criança, inclusive durante o pos-operatorio, onde na minha opiniao é a altura em que se deve ter mais cuidado com os doente, onde devem ser mais vigiados, devido a algumas complicaçoes que possam surgir.
Sabe-se contudo que casos como estes, se forem resolvidos em tribunal, a maioria das vezes nao têm qualquer efeito, ficando os medicos a exercer na mesma a profissao. Na minha opiniao, quando se leva estes casos a tribunal nao é pela importancia da indemnizaçao que se pode vir a receber, pois nao ha quantia nenhuma que pague a vida de uma pessoa, é sim pelo facto de se tentar punir os medicos responsaveis (ou muitas vezes o proprio hospital) pelo acto, evitanto assim que outros casos venham a acontecer. No meu ver, as coisas so começarao a mudar no dia em que os medicos começarem a ser punidos severamente pelos seus actos, pois ate que isto nao aconteça, eles nao vao ligar a minima importacia às vidas com que lidam no dia-a-dia.
Na minha opiniao, quando acontece um caso deste genero a critica nao é feita à falta de ética por parte dos medicos ou responsaveis, mas sim ao facto de estes nao admitirem os seus actos, nao admitirem que erram. No caso apresentando, nao obsante ao que aconteceu, os pais da Ana Raquel para além de terem perdido a filha, nao receberam qualquer indeminizaçao uma vez que as investigaçoes foram dadas como «inconclusivas», nao lhes foi mostrado qualquer relatorio interno, o medico nao foi punido pelo que "fez" e ainda por cima receberam uma unica carta em casa com a conta para pagar da reanimaçao a que Ana Raquel foi submetida após ter sido operada.
É triste no entanto com o aparecimento destes casos, que cada vez sao mais frequentes na sociedade, ninguem se responsabilizar, como acontecer neste caso, que apos varias investigaçoes esta terminou de forma «inconclusiva» e onde o Hospital Amadora-Sintra apenas lamentou o tragico acontecimento. O que também é de lamentar é o facto de normalmente estes casos acontecerem nos "grandes" Hospitais do nosso país, os quais tem bons profissionais, boas maquinas...

1 comentário:

Marilia Palma n 4331 disse...

O que parecia ser em principio uma simples operação às amígdalas acabou por resultar numa tragédia.
A pequena Ana Raquel, de onze anos de idade, faleceu vítima de negligência médica no Hospital Amadora-Sintra três dias após a operação.
Por incrível que parece este tipo de casos continuam a acontecer, deixando-nos chocados.
A administração do hospital emitiu de imediato um comunicado a toda a população a lamentar o sucedido. Mas o que é certo é que este não pode trazer a Ana de volta para perto dos seus pais, nem apagar a dor nem a revolta que eles devem ao saberem o motivo da morte da sua filha.
Sabes ainda que foi levantado um inquérito interno para averiguar as responsabilidades mas como era de se esperar as investigações não foram conclusivas.
O sucedido está a ser analisado pela Inspecção-Geral de Saúde, e as primeiras conclusões são claras, a morte da criança foi provocada pela administração de um medicamento com um elevado grau de bicarbonato de sódio.
Após a análise de documentos e do testemunho de um determinado número de pessoas, concluiu-se que foi uma sucessão de falhas médicas, durante todo o seu período de internamento, que esteve por detrás da morte da pequena Ana.
Errar é humano, mas por vezes é difícil de se explicar como é possível sucederem determinados tipos de erro, mas o que é certo é que existem determinadas profissões em que um erro pode ser fatal para a vida de outras pessoas.
Mas deve haver sempre um cuidado em se fazer a distinção entre negligência e erro médico.
O erro médico acontece apesar de todos os cuidados, já a negligência ocorre quando é quebrado o dever de zelo ou há violação das regras. É de Considerar ainda que a diferença também se deve verificar ao analisar as consequências e que o erro normalmente é desculpável porque há boa-fé.
De acordo com o que foi apurado, na minha opinião, acho que não existem muitas dúvidas de que se está perante um caso de negligência médica.
O código deontológico da Ordem dos Médicos não aceita que este tipo de situações suceda. Um acto de negligência não é um acto ético nem moralmente aceite pela sociedade.
De facto é um pouco difícil de se explicar, como é possível ocorrerem situações destas após um avanço medicinal tão elevado.
Um acidente negligenciado pode acarretar graves consequências para os envolvidos.
A Ordem dos Médicos tem competência disciplinar sobre todos os médicos que exercem em Portugal. Se a OM decidir suspender ou expulsar o clínico, este deixa de poder praticar medicina. A Ordem retira a célula do médico e comunica às entidades oficiais a sanção aplicada, para que haja um cumprimento da mesma. Quando se trata de decisões da IGS, a situação é diferente, já que um médico a quem seja aplicada uma sanção pode continuar a exercer a sua actividade de forma privada.
Neste momento está a decorrer um processo de averiguação à actuação dos médicos envolvidos no caso de Ana Raquel, para que se possa apurar a responsabilidade disciplinar. Este processo esta a ser guiado por duas entidades, Inspecção-Geral de Saúde e a Ordem dos Médicos.
Mas no Código Penal português não está previsto o crime de negligência médica nem de erro médico, por isso, dependendo das consequências que a acção clínica tenha tido para o utente, a conduta pode encaixar-se em vários artigos diferentes. Ofensas à integridade física e homicídio por negligência são alguns exemplos. Neste caso em particular estamos perante um homicídio por negligência médica.
O que eu me pergunto e se estes casos acontecem por falta de profissionalismo ou por carência de qualificação.
No um entender não devia de ser porque se para entrar no curso de medicina a nota mínima é tão elevada. Mas se calhar falta o principal a vocação.
Mas seja porque motivos for o que é certo é que infelizmente esta não é a única situação de negligência médica no nosso pais.
E apesar de todos os dias ouvirmos falar em avanços na medicina este género de casos continuam a suceder.