segunda-feira, janeiro 08, 2007

Não Vale Tudo

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Não Vale Tudo


Nos últimos anos tem começado a surgir nas escolas portuguesas a abordagem ao tema da ética empresarial. Pessoalmente, considero ser absolutamente necessária esta abordagem da ética na Universidade e dedico, todos os anos, uma a duas aulas sobre este tema.
No entanto, esta posição não é unânime e ainda esta semana um colega me dizia que "ele nunca tinha tido ensino de ética na Universidade, mas tinha aprendido a ética em família" e foi mais longe dizendo que, por exemplo, "era incapaz de roubar, não pela penalização, mas porque isso, desde a sua infância, violentava completamente os seus valores".
Embora compreenda esta posição não estou de acordo com ela, porque a sociedade mudou, muitas famílias estão destruturadas, outras vezes os pais não cumprem o seu papel e os sinais, recebidos pelos jovens, de permissão de condutas reprováveis são cada vez mais em maior número nomeadamente nas escolas e sobretudo nos media.
Os (bons) sinais encontram dificuldade em serem reconhecidos pelos jovens no meio do "ruído" da informação com que são bombardeados e poderão não ser acompanhados pela força necessária para que os mesmos sejam imbuídos no seu "código genético social".
Numa das aulas dedicada a este tema na cadeira de "Negociação comercial", termino uma apresentação de slides com a frase "os compromissos negociados devem ser sempre cumpridos... só tenho direito a não cumprir o negociado, após o acordo da outra parte". Ao serem questionados sobre a sua concordância relativamente a esta frase, existe unanimidade.
Para testar a verdadeira concordância, pergunto aos alunos se, ao terminarem a licenciatura e depois de terem aceite um compromisso com uma PME fora de Lisboa, recebessem um aliciante convite de uma grande empresa, o que decidiam fazer?
A verdade é que a unanimidade desaparece e as opiniões são diversas. Esta falta de consenso resulta do entendimento da ética mudar, quando vista em abstracto ou a "nosso favor" onde é de fácil aceitação, enquanto ser ético não é fácil, quando vai contra os nossos interesses imediatos.
A ética deve servir sobretudo para pautar os nossos comportamentos nos momentos difíceis. Aproveito, por isso, o exemplo anterior para mostrar as implicações de eventuais comportamentos não éticos sobre o próprio aluno e sobretudo sobre a instituição que representam.
A verdade é que as questões sobre a fronteira da ética nem sempre são pacíficas.
Para os jovens futuros profissionais, a prática empresarial é também um sinal importante para os seus futuros comportamentos profissionais, já que eles tenderão a seguir a prática ética instalada e a conformar-se com a mesma.
A propósito, aproveito para expressar a minha opinião sobre um exemplo de prática de "marketing" que, em meu entender, coloca questões éticas. Neste momento, está a passar na televisão uma campanha da TV Cabo com, entre outras, a seguinte mensagem: "Pai, só 4 canais não dá. Vou bazar, tchau". Ou seja, para aumentar as vendas da TV Cabo, é ético passar a mensagem que não haver TV Cabo em casa é um motivo válido para a mulher e para o filho deixarem a casa?
Sei que, em publicidade, é normal utilizarem-se figuras de estilos e hipervalorizações, mas neste caso, e para os meus padrões de ética, foi-se longe demais, em termos de deturpação de valores de família, com um campanha que se dirige também a jovens e crianças com menor capacidade de relativização.
Acredito que a campanha funcione, mas considero que não vale tudo!



Comentário:
Actualmente, há uma necessidade de expôr a ética no meio escolar, o que vem a acontecer. Esta abordagem nas aulas serve para que os alunos, quando ingressarem no mundo profissional, estes já têm alguns valores que irão sempre defender.
Existem docentes que não se preocupam em transmitir alguma ética aos alunos. A ética não é apenas valores que os pais transmitem, mas sim normas de um conjunto de situações, principalmente àquelas de conflito. A escola e os media têm um papel muito relevante. Ética apresenta-se, no nosso quotidiano como um código de conduta abstracto pelo qual o indivíduo se rege para atingir os seus objectivos.
Para um bom profissional, é preciso além das suas capacidades intelectuais, também uma boa definição de ética, incluindo as suas normas e valores. Um código ético empresarial fomenta no interior de uma instituição e na comunicação e negócios desta com as demais instituições valores como a honestidade, a confiança, equidade, respeito, compaixão, integridade, etc. Acredita-se que as grandes organizações, as mais bem sucedidas e que transparecem para o exterior terem uma gestão bem consolidada, tenham como base um código de conduta ética.
Quando se questiona algo a ver com ética, uma situação (por exemplo), as opiniões divergem, pois ás vezes o ser ético vais contra os seus interesses.
Para um jovem que entra no mercado do trabalho, e inicia-se numa empresa que já tem um código de ética, este jovem mesmo sendo contra os seus princípios terá que se conformar com esta conduta. No entanto, a questão que se coloca é, será que se todos, dentro da empresa, cumprissem o código de ética implementado na empresa, deixaria de existir problemas na empresa?
No mundo do marketing, na publicidade é onde a ética mais se questiona, pois, o objectivo desta é persuadir as pessoas, para que as levem a aderir ao produto, ou serviço. Muitas das vezes, a publicidade ultrapassa certos princípios, como a utilização das crianças nos anúncios, para chamar a atenção das pessoas. Outro exemplo, como esta noticia nos refere, o anúncio da Tv Cabo , em que põe em causa a família pela adesão a este serviço. A família, que hoje em dia, tem perdido valores, ainda para mais fazem anúncios para que as crianças e jovens interiorizem, não só para adquirirem, mas também para perderem o significado da família.
O autor tem plena razão ao dizer que não vale tudo tanto na publicidade como em qualquer outro ramo.

1 comentário:

Orlando Roque disse...

"Notícia Inválida" por ausência de conteúdo ou ligação ético-profissional.