| ONU sob Investigação Abuso sexual de menores no Sudão Pesquisa feita no dia 06.01.07 às 22.00h Ao consultar o site do Jornal Expresso do dia 06 de Janeiro de 2007, http://expresso.clix.pt/, deparei-me com esta notícia, escrita pela jornalista Cátia Mateus, que nos informa sobre a investigação feita a membros da Organização das Nações Unidas (ONU), que colocados no Sudão, estão envolvidos no abuso sexual de menores naquele País africano. A Noticia: Há aproximadamente dois anos atrás, altura em que a missão da ONU chegou ao Sudão, que surgiram os primeiros casos de abuso sexual de menores e segundo o 'Daily Telegraph' esta prática não é desconhecida do governo sudanês que garante a investigação do caso, até às últimas consequências. Este meio de comunicação garante que o governo tem em seu poder um vídeo onde é possível ver soldados do Bangladesh terem relações sexuais com três meninas do Sudão, sustentando a sua notícia com um relatório preliminar do Fundo da ONU para a Infância (UNICEF), mas também com uma investigação própria no terreno. Os jornalistas do diário britânico tiveram a precaução de recolher testemunhos de várias dezenas de vítimas que relataram como os elementos da ONU colocados no local e os capacetes azuis recolhem crianças, junto à estrada, com a finalidade de consumar os abusos sexuais. Esta não é, segundo o jornal, a única forma de abordagem dos agentes da ONU que procuram também crianças junto a bares locais, convidando-as a entrar nas suas viaturas a troco de mil dólares sudaneses (pouco mais de três euros). Estima-se que o número de crianças abusadas sexualmente no Sudão possa ascender às centenas, segundo este jornal. Esta não é a primeira vez que a ONU é confrontada com acusações deste tipo. Em Agosto do ano passado, foi aberto um inquérito para apurar o fundamento do alegado abuso sexual de menores no leste do antigo Zaire por parte de capacetes azuis. Além desta missão, outras - como no Haiti e na Libéria - ficaram também manchadas com acusações de abuso sexual de menores. No caso do Sudão, o governo já classificou de “inquietantes” as acusações, comprometendo-se a investigar todas as denúncias e tomar as medidas necessárias caso se comprovem os crimes. Comentário: Estamos perante uma notícia de abuso sexual a menores. Abusar, significa ultrapassar os limites, transgredir! Abuso contém a noção de poder, persuasão, indução, coerção, abusar da confiança e da lealdade. Os casos de abusos sexuais tornaram-se um assunto importante nos últimos anos, em termos de direitos das crianças, do seu desenvolvimento e saúde mental. Antes, não se conhecia a existência de casos, porque os mesmos aconteciam em segredo, dentro da própria casa e em lares de crianças. Agora, começamos a ter a noção da gravidade do fenómeno e a perceber que o abuso sexual pode atingir uma criança para o resto da vida. Existem 4 categorias distintas de abuso sexual, são elas: pedofilia, estupro, assédio sexual e exploração sexual profissional. As consequências emocionais para as crianças são bastante graves, tornando-as inseguras, culpadas, deprimidas, com problemas sexuais e problemas nos relacionamentos íntimos na sua vida adulta. Estamos perante uma situação de abuso de poder por parte dos soldados da ONU, um atentado à dignidade e aos direitos humanos, pois a violência sexual é um crime abominável. Podemos definir abuso de poder como o acto de impor a vontade de um, sobre a de outro, geralmente mais fraco, tendo por base o exercício do poder, sem considerar as leis vigentes. A violência física, sexual e psicológica contra crianças e adolescentes não está isolada das relações económicas, das relações de género, de raça e de cultura que configuram a estrutura de uma sociedade. A violência física manifesta-se na produção de um dano material ao corpo e às condições de sobrevivência da pessoa implicando exploração, tráfico e maus-tratos. Ética na educação, tem o objectivo de formar indivíduos, tornando-os conscientes dos seus deveres e direitos dentro da sociedade em que estão inseridos. Que tipo de carácter possuem estes soldados? São incapazes de determinar o que é, ou não é correcto? Sempre se exigiu ao indivíduo que tivesse comportamentos baseados em leis estabelecidas, de forma a existir respeito mútuo, havendo a responsabilidade de passar esses padrões a gerações futuras, quer através de instituições de ensino ou em ambientes familiares, são dadas as bases para a adaptação na sociedade actual, dando-se assim a ética na educação, tornando-se esse o objectivo de formação de um indivíduo consciente dos seus deveres e direitos dentro da sociedade. Os soldados, homens protectores do País, teriam o dever e obrigação de zelar pelo bem-estar da população, mas infelizmente estamos a viver num Mundo em que os valores morais perderam grande parte do seu valor. Os Homens de Paz não querem saber dos valores morais, das leis vigentes, da violência psicológica provocada às crianças, pois o que lhes interessa simplesmente é a sua satisfação. Como é do conhecimento de todos, a violência psicológica traz danos morais gravíssimos, traumas gerados pela sedução, pelos toques, pela ameaça, pela tortura. A violência sexual traduz-se no abuso, no incesto, no estupro trazendo, evidentemente, consequências físicas e psicológicas graves. Já não basta estas crianças viverem num ambiente de completa insegurança, instabilidade e perigo? Que soldados são estes que não possuem moral, nem ética, nem educação, nem amor ao próximo? Actualmente está a decorrer uma investigação para apurar a veracidade das alegações, mas uma vez que existem provas e testemunhos, não será fácil para estes homens ficarem sem condenação, pois a organização já anunciou que dará "tolerância zero" em casos de abuso sexual por parte dos seus funcionários. Em minha opinião, esses homens deveriam ser condenados à pena máxima e além disso um agravamento devido à sua situação profissional “Soldados da Paz”, que em vez de protegerem e defenderem a raça humana, andam a cometer crimes contra crianças, que não têm culpa de viverem numa sociedade em permanente decadência. Salvem as crianças! Helena Dimas nº 4168 |
domingo, janeiro 07, 2007
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2 comentários:
Resolvi escolher esta notícia para comentar porque me chamou a atenção a ironia da mesma. A ONU (Organização das Nações Unidas) reconhecida mundialmente por ser uma entidade que tenta assegurar a paz e ordem nos lugares mais remotos do planeta onde as populações vivem em situações de alto risco (seja devido a guerras, seja devido a catástrofes naturais) está envolvida num escândalo deste calibre.
Há que relembrar que existem vários tratados e cartas da ONU que fazem referência aos direitos do ser humano. Quem não conhece a Declaração dos Direitos Humanos da ONU? É uma autêntica "bandeira" da instituição em termos éticos e jurídicos. No seu sítio na Internet pode ler-se: "A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos básicos das Nações Unidas e foi assinada em 1948. Nela, são enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem." E nessa mesma declaração estão os vários pontos violados precisamente por os seus "soldados da paz", a saber: "Artigo III: Todo o ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo V: Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante." Estes "capacetes azuis" ao aliciar as crianças e ao praticar tais actos, não só estão a privá-las da segurança pessoal e à liberdade a que tinham direito, visto que o objectivo da ONU era precisamente assegurar a paz no país, assim como a segurança da população, mas também estão a submeter essas crianças a um acto de tortura bastante cruel. Este tipo de abusos não só deixará marcas físicas mas também, e muitas vezes muito mais graves, marcas psicológicas.
Aqui entra em cena mais um dos temas que a ONU faz questão de defender que é o direito das crianças. De tal modo que existe mesmo uma Convenção dos Direitos da Criança. Nesta Convenção destaco os seguintes pontos (entre muitos outros exemplos): "... a criança, em virtude da sua falta de maturidade física e mental, necessita de protecção e cuidados especiais, inclusive a devida protecção legal, tanto antes como depois do seu nascimento ...", "... reconhecendo que em todos os países do mundo existem crianças vivendo sob condições excepcionalmente difíceis e que essas crianças necessitam consideração especial..." e "... tomando em devida conta a importância das tradições e dos valores culturais de cada povo para a protecção e o desenvolvimento harmonioso da criança ...".
Ora aqui estão mais uns (de muitos) pontos violados pelos soldados da ONU. Eles não só não cumpriram bem a sua missão de proteger os civis, como ainda violaram os mais básicos princípios éticos da instituição que representam.
A questão que se coloca e que certamente muitos também já se questionaram é a seguinte: de quem é a culpa do sucedido? Da ONU? Dos seus soldados? Ou de ambos?
Na minha modesta opinião a culpa deve ser repartida por ambas as partes. Por um lado a ONU deveria ter mais cuidado ao recrutar o seu pessoal, principalmente para lidar com situações que acabam por ser sempre delicadas. É bom não esquecer que estes homens acabam por ir enfrentar situações de grande tensão (física e emocional) e que exigem o máximo deles, pondo não só à prova as suas capacidades físicas como soldados que são mas também "joga" com a sua vertente humana e moral. Existem cenários e situações que, por muito treino que tenham e por muito fortes que sejam psicologicamente, serão sempre desafios difíceis para eles. Por vezes só no próprio momento é que podem decidir entre o bem e o mal. Entre ajudar um colega ou ajudar terceiros, sendo que nem sempre é possível fazer ambas as coisas. Como tal o sistema de recrutamento deveria ser mais rigoroso em termos de avaliação psicológica destes indivíduos, testando-os em condições extremas de modo a prepará-los o melhor possível, bem como sujeitar os mesmos a estas avaliações periodicamente. Mesmo neste tipo de organizações, o incentivo para um comportamento ético por parte dos seus trabalhadores/colaboradores faz todo o sentido. É necessário ter a sensibilidade para preparar estes homens para os cenários catastróficos que vão encontrar assim como instrui-los das suas prioridades. E dentro dessas prioridades é muitas vezes necessário sacrificar um desses objectivos em nome de um objectivo maior. Um soldado mais fraco psicologicamente ou com um comportamento ético totalmente inverso ao instituído na ONU, tem grande facilidade em aproveitar-se das populações locais para onde são enviados, visto tratarem-se geralmente de países muito pobres e de terem o estatuto de autoridade. Esse mesmo estatuto deveria ser visto como um motivo de orgulho e responsabilidade e nunca como uma vantagem em relação a outro ser humano.
Por outro lado a culpa também terá que ser atribuída a todos os soldados que cometeram este tipo de atrocidades visto que ao fazerem parte de uma força de Paz, têm o dever de zelar por a mesma e cumprir os seus códigos de conduta. É impossível haver um controlo efectivo e rigoroso por parte da ONU de modo a saber se os seus soldados estão a agir de modo correcto. Parte de cada um deles assegurar que não só a instituição é defendida e respeitada mas também que eles próprios e os colegas ajam de uma forma justa e honesta. Se assim fosse, certamente que não se passariam estes episódios, ou os mesmos eram denunciados por alguns soldados. Tudo leva a crer que muitos soldados sabiam destes casos mas por medo, vergonha ou por outro motivo qualquer, não denunciaram os colegas como deviam, visto tratar-se de uma situação que exigia essa atitude.
Como tal, não só os soldados envolvidos no caso devem ser duramente punidos, mas também deve ser aberto um inquérito interno sobre o assunto para saber o que falhou em relação à ONU.
Para finalizar quero afirmar a minha total concordância com a opinião da minha colega, bem como felicitá-la pela escolha do tema!
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