Noticia retirada: http://oplagiario.blogspot.com/2005/09/marbelo-man.html
publicada: 27 Setembro 2005
“Joe Berardo, um filantropo e empresário português de sucesso, andou anos a fio em luta com a multinacional Philip Morris (via Tabaqueira) por causa da sua marca de tabaco Marbelo. Durante nove anos a proprietária da marca Marlboro impediu a Madeirense de Tabacos de registar no Instituto Nacional de Propriedade Industrial a marca Marbelo, alegando «semelhança gráfica e fonética» com a Marlboro. De recurso em recurso, o Supremo Tribunal de Justiça pronunciou-se favoravelmente à marca madeirense, considerando a inexistência de «semelhança evidente, do ponto de vista fonético, gráfico e figurativo que induzam facilmente o consumidor em erro ou confusão»”
Comentário:
De acordo com os objectivos propostos para a resolução deste trabalho, vi-me obrigada a procurar alguma informação sobre o que é a ética. Daí retirei que a ética se prende fundamentalmente com a problemática da acção humana, sendo esta acção muitas vezes condicionada pelos juízos de apreciação de cada agente.
No que se refere à notícia apresentada há uma certa dualidade que podemos ver nestas acções de cada empresa. Quero com isto dizer que ambas estão certas mas ao mesmo tempo erradas, analisando os diferentes pontos de vista e confrontando-os.
Pois bem, do que pesquisei acerca do caso apresentado, pude reter que duas marcas de tabaco procuram o mesmo mercado.
Sabemos que a marca Marlboro, mais antiga, impede, ou tenta impedir a marca concorrente Marbelo de entrar no mercado, visto que a sua imagem gráfica se assemelha bastante à primeira, podendo deste modo induzir em erro o consumidor.
A marca Marlboro tem o seu mercado conquistado e capital suficiente para se defender de um concorrente que pode “roubar-lhe” apenas alguns clientes e, neste caso, tenta por meios legais assegurar-se de que isso não irá acontecer. A Marlboro processa então a marca Marbelo ainda que sem sucesso. Contudo, e falando um pouco do anão desta luta, é um facto de que a Marbelo de facto se apoderou da imagem (tão conhecida) da Marlboro para se introduzir no mercado e, através da cor e de tipografia iguais, fazer-se vender como a tão procurada e vendida concorrente Marlboro.
Digamos pois que estas estratégias desleais de plágio de imagem gráfica estão cada vez mais em vouga em todo o mundo. Na verdade, é eticamente errado proceder desta forma, até mesmo para o consumidor, de forma a iludi-lo ou enganá-lo.
Não é difícil acompanhar a estratégia da Marbelo. Pois aquilo que não era esperado acabou por acontecer. Depois de muitos processos jurídicos que a Marlboro perdeu e dos vários recursos inutilmente por si apresentados, podemos ver agora nas prateleiras das tabacarias as duas concorrentes lado a lado.
A marca Marlboro também se apresenta desleal, na medida em que quer extorquir dinheiro à sua concorrente; pois se notarmos uma marca que nem é internacional que hipótese tem de competir com outra que todos já conhecemos? O que aconteceu foi que os papeis se inverteram, acabando por ganhar a Marbelo.
Uma questão que se colaça: será que este caso já está definitivamente resolvido? Uma marca que se apodera das características gráficas da outra poderá ficar impune muito tempo? Será que não poderá ser considerada plágio a estratégia adoptada pela marca de tabacos Marbelo? E se estivermos atentos notaremos que esta marca volta a pecar por se utilizar da decisão tomada em tribunal para fazer correr a tinta e poupar alguns milhões em publicidade, o que inversamente também teria sido uma das intenções da Marlboro ao processar a marca de tabacos da madeira.
É certo que a embalagem Marbelo apresenta algumas diferenças em relação à outra marca, nomeadamente nas riscas douras; contudo, quando o juiz coloca as duas embalagens a sua frente para dar a sentença final alega que são óbvias as diferenças. Uma é Marlboro enquanto que a outra é Marbelo…completamente diferentes. O senhor juiz só se esquece que a tipografia é igual e que o cérebro humano não lê as palavras soletrando-as mas sim faz associações e neste caso a palavra é identificada como símbolo. Por outro lado, o senhor juiz ainda sublinha que as riscas douradas são outro marcador da diferença… só não se recorda que elas são imperceptíveis a determinada distância.
Neste caso, tornar-se-á ética a acção do juiz na resolução deste caso?
Entendo que a ética é muitas vezes considerada como um conjunto de códigos estabelecidos a um certo nível, e que condiciona as escolhas dos agentes da acção para aquilo que consideram bom ou mau. Então o juiz deste caso não tem em conta esses códigos (que até podem corresponder à informação que ele tenta armazenar para que seja mais justo a dar a sentença) e ser mais eficaz?
Talvez não haja neste caso nenhum verdadeiro justiceiro.
Através do estudo deste caso, compreende-se ainda que a ética e os seus códigos (que nos levam a agir bem ou mal, melhor ou pior) são esquecidos na procura da felicidade, do gozo e desfrutes próprios.
Na minha opinião todos estes agem de certa forma, erradamente.
A Marlboro como uma marca de renome internacional quer aproveitar-se de uma recaída da marca madeirense para aproveitar ganhar alguns milhões o obter alguma publicidade gratuita.
Já a Marbelo plagia “disfarçadamente” a identidade gráfica da marca Marlboro, conseguindo ainda publicidade gratuita aquando da divulgação do processo jurídico nos meios de comunicação.
É flagrante o caso do juiz que pela sua ignorância visual não procure saber mais nem considerar sequer os motivos da marca internacional.
O que está eticamente errado aqui é o facto de cada um agir em benefício próprio sem colocar em xeque o consumidor a quem o produto se destina.
Empresarialmente e como prestadores e vendedores que as empresas são, devia haver o cuidado de pensar em quem lhes dá os lucros.
Mas é certo que para benefício próprio para quê lembrar-nos de que a ética existe?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Esta notícia, e o comentário da colega, incidem sobre a problemática do plágio. Se por um lado, a imitação é “a forma mais sincera de elogio”, por outro pode tornar-se perigosa e em último caso ofensiva.
Uma influência tem o condão de criar uma ligação a outro trabalho existente e de estabelecer uma ponte dirigida aos conhecedores de outros trabalhos, para que se sintam interessados a conhecer melhor a nossa proposta. Esta é uma postura perfeitamente ética posto que é, muitas vezes, uma forma de homenagem ou de tributo a indivíduos que, de certa forma, influenciaram positivamente estas pessoas.
A colagem tem uma conotação diferente e menos encantadora. É muitas vezes fruto da falta de talento ou de imaginação de alguns, servindo como pedra basilar de trabalhos que raramente se apresentam inovadores. A colagem pode suscitar confusão nos que menos conhecem o trabalho original e é aí que se torna perigosa, quando começa a suscitar dúvidas quanto à sua originalidade. Do ponto de vista ético, a colagem é reprovável, porque se apresenta como uma mentira. Quando um trabalho é fortemente apoiado em outro, devem fazer-se todas as menções pertinentes, de forma a evitar cair na colagem, ou pior, no plágio.
O plágio é, a forma menos digna de referência a outro trabalho. O problema acaba por ser esse mesmo! Nunca é feita uma referência ao trabalho original. Neste caso a réplica é feita de forma a confundir-se (propositadamente) com o original. É feita com uma intenção “parasitiva” de aproveitar a imagem e apreciadores do trabalho alheio.
Neste caso em especial a companhia do português Joe Berardo está, infelizmente, a fazer um plágio evidente. No momento da compra o tabaco distingue-se apenas por duas característica: a forma e cor da embalagem. Copiar uma e outra é querer ludibriar o cliente, levando-o a comprar um produto que ele não deseja. A situação do plágio é reprovável só por si, no entanto, o plágio levanta outras questões implícitas. Por exemplo, “Porque razão recorre um produtor a uma embalagem concorrente para envolver o seu produto?”.
A ideia que fica é que o produtor tem a consciência que o seu produto é de inferior qualidade, relativamente aos outros, e trata de “camuflá-lo” sob uma apresentação que sabe ir de encontro aos gostos dos clientes. Neste ponto discordo da colega quanto à postura da Marlboro, relativamente à pequena concorrente portuguesa.
Creio que uma marca de grande posição no mercado deve proteger-se de plágios, uma vez que podem resultar em danos na imagem dos seus produtos e numa consequente diminuição das vendas. Um processo judicial pode ser considerado por alguns como uma resposta exagerada por parte da Marlboro, no entanto, creio que somente recorrendo a firmes medidas é possível dissuadir a concorrência desleal, que aumenta a cada dia.
A venda de um produto de inferior qualidade a tentar fazer-se passar por um produto líder de vendas é uma ofensa para os clientes e também deveria ser punida por crime. Assim não achou o magistrado que presidiu o julgamento, uma vez que ilibou a marca Marbelo das acusações feitas pela multinacional.
A resolução do juiz apresenta-se inesperada, tal é a similitude entre os dois produtos. Neste ponto estou em total acordo com a colega, não se compreende esta decisão perante uma situação tão flagrante. No entanto, creio que o juiz falhou do ponto de vista judicial. Isto é, mais que uma falha de ética, assistiu-se a uma falha no próprio desempenho do juiz do ponto de vista profissional. E essa é uma lacuna ainda mais flagrante, uma vez que torna este profissional incompetente.
Quer a decisão tenha sido tomada de forma parcial, o que denota uma falta de profissionalismo e de ética evidente, quer tenha sido tomada de forma imparcial, provando-se uma grosseira falta de visão para o cargo que ocupa, este veredicto não pode considerar-se congruente com a realidade.
Hoje em dia, o plágio apresenta-se como uma das maiores adversidades da indústria produtiva. Produzindo a baixo preço, uma empresa pode colocar no mercado produtos de qualidade inferior com uma embalagem semelhante às das grandes empresas e, geralmente a um preço muito inferior.
Tornou-se uma arte conseguir fazer uma apresentação tão semelhante que seja confundida com a original, mas que, ainda assim possa ser identificada como diferente. É uma política de “tornar o mais parecido possível sem fazer igual” que rouba uma fatia de vendas considerável às grandes empresas.
Já que estas empresas não parecem preocupar-se em apresentar uma atitude ética no mercado, cabe a empresas como a Marlboro recorrer a fortes medidas de defesa, como o processo judicial para assegurar o seu mercado e a sua imagem. Espera-se no entanto que o resultado desses julgamentos se apresente isento e objectivo, ao contrário deste exemplo!
Enviar um comentário