domingo, janeiro 14, 2007
Ética deverá definir futuro do Jornalismo
O jornalista Joaquim Fidalgo defendeu ontem o regresso às questões da ética e da auto-regulação como elementos centrais da competência e da identidade profissional no Jornalismo. “Um jornalista que não seja ético não pode ser competente”, disse. Porque “a ética é o ingrediente central da própria competência dos jornalistas”, segundo o também professor universitário, que concedeu uma entrevista à Agência Lusa sobre a sua tese de doutoramento em Ciências de Comunicação, com o título «O lugar da ética e da auto-regulação na identidade profissional dos jornalistas», que será apresentada hoje em Braga. Joaquim Fidalgo procurou compreender “as características específicas da profissão de jornalista”, num contexto em que já não são apenas aqueles profissionais a difundir informação para o público. “Com a internet, por exemplo, as fontes primárias passaram também a publicar informação nos respectivos sites, desempenhando uma função que era, até há uns tempos, exclusiva aos jornalistas”, sustentou.Para o investigador é necessário encontrar a característica “diferenciadora” da profissão, e essa deverá ser a ética e deontologia profissional. Neste contexto, a responsabilidade ética, numa profissão com a influência e o impacto social do jornalismo, implica a prestação de contas à sociedade, noção que o levou a pensar as vantagens da auto-regulação dos media e dos seus profissionais, considerando tratar-se do “melhor modo de equilibrar liberdade de expressão e de imprensa com a responsabilidade”, bem como os seus limites e fragilidades. Entre os mecanismos de auto-regulação dos media, como Conselho de Redacção, Livro de Estilo, Estatutos de Redacção, Código e Conselho Deontológico, Conselho de Imprensa, Correio dos Leitores e Tribuna Pública, Crítica de Média ou Provedor do Leitor, ouvinte ou espectador, Joaquim Fidalgo escolheu o último para uma análise mais aprofundada, tendo como ponto de partida a sua experiência de cerca de dois anos a exercer aquelas funções no jornal «Público».
http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=b6d767d2f8ed5d21a44b0e5886680cb9&subsec=&id=ff74b1e6116b2412ec33751457d351b6
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica
(http://jpn.icicom.up.pt/2007/01/10/joaquim_fidalgo_etica_distingue_jornalismo_da_restante_comunicacao.html)
Comentário:
“O jornalista é cada vez menos um filtro, um "gatekeeper", e "cada vez mais um 'sense maker'", a que cabe "dar sentido, enquadrar, contextualizar e ajudar a compreender" o mundo. "Para isso temos obrigação de conhecer o nosso público-alvo. Ouvir os leitores é uma obrigação ética".
O desempenho de uma profissão, no mercado de trabalho pode, muitas vezes, ter inerentes comportamentos pouco éticos. O conjunto de crenças e valores subjacentes, em tudo o que realizamos, pode vir a determinar um modo de ser, e o nosso grau de motivação para realizar uma dada actividade.
A ética estuda a natureza do que é considerado adequado e moralmente correcto. Tem por objecto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana.
O jornalismo é uma actividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações, este pode actuar em várias áreas ou veículos de imprensa.
O compromisso fundamental do jornalista com a verdade dos factos e o seu trabalho parecem, diariamente, nem sempre estarem presentes em todos os meios de comunicação, na precisão de apurar os acontecimentos e numa correcta informação. Diariamente, vemos jornalistas atentando contra a moral e os bons costumes das pessoas.
Cada dia que passa tem-se a nítida sensação que a ética tem sido abolida na prática profissional de alguns jornalistas e responsáveis por meios de comunicação actualmente integrados ao mercado de trabalho.
A ética do jornalista em si por vezes tem de ser deixada para trás, de maneira a que jornalista não se arrisque a perder o emprego ou por medo de simplesmente não adoptar a "ética" do veículo que se trabalha. E é justamente nesta "ética" do veículo que se encontram os interesses dispensados que geralmente caminham em sentido contrário ao Código de Ética que rege a conduta moral e legal do jornalista.
A consequência do monopólio dos meios de comunicação, da pressa inerente ao jornalismo, da briga diária pela notícia exclusiva ou da guerra pela audiência é que os jornalistas e os seus patrões muitas vezes se afastam da conduta ética e oferecem ao público uma informação de má qualidade.
Na Internet, não é muito diferente, em se tratando de desvios éticos. Apesar de ela ter trazido inúmeros aspectos inovadores e revolucionários de comportamento e atitude social, tornou-se corriqueira a pirataria ou cópia indevida de músicas, fotos e textos (mesmo assinados na Rede) jornalísticos ou não. Este ato caracteriza-se como plágio.
Como tal, isso, o que se espera é o pleno reconhecimento dos direitos intelectuais da categoria, o devido valor moral e porque não dizer reconhecimento profissional até de certa forma àqueles que lutam eticamente pelo direito das pessoas em estarem melhor informadas.
Marta Parreira, n.º 4075, 3.º ano GE
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1 comentário:
Sem dúvida nenhuma, fatos relevantes são notícias que o povo quer ver, mas nem sempre o que as emissoras de TV, rádios, jornais e revistas divulgam, são necessariamente verdades jornalisticamente éticas e incontestáveis. No actual contexto, em que o capitalismo dita as regras da economia, tudo passa a ter seu valor, inclusive a notícia. Mas notícia como mercadoria pode e deve ser tratada dentro dos princípios da conduta ética e profissional, tendo como objectivo, acima de tudo, oferecer boa qualidade de informação e satisfazer às necessidades de consumo dos leitores com um produto fidedigno. E este aprendizado sobre o que é ético e o que não é deve começar nas escolas de jornalismo.
Não é raro abrir um jornal ou ver na TV notícias tendenciosas, pejorativas, que visam beneficiar uma das partes ou mesmo mascarar a verdade dos fatos.
A ética do jornalista em si por vezes tem de ser deixada para trás, a fim de o jornalista não se arriscar a perder o emprego ou por medo de simplesmente não acatar a "ética" do veículo a que se trabalha. E é justamente nesta "ética" do veículo que se encontram os interesses que geralmente caminham em sentido contrário ao Código de Ética que rege a conduta moral e legal do jornalista.
A consequência do monopólio dos meios de comunicação diária pela notícia exclusiva ou da guerra pela audiência é que os jornalistas e seus patrões muitas vezes se afastam da conduta ética e oferecem ao público uma informação de má qualidade. Neste momento em que a lógica do espectáculo e do entretenimento contamina os veículos jornalísticos, em que as “mega fusões” de empresas de comunicação aumentam como nunca o poder dos “mídia” em todo o mundo, há uma significativa perda de valores de cunho ético e jornalístico entre exercício da profissão e dos profissionais envolvidos no contexto.
A conduta profissional do jornalista, o exercício da profissão do jornalista é uma actividade de natureza social e com finalidade pública, subordinada, portanto, ao Código de Ética.
O compromisso fundamental do jornalista com a verdade dos fatos e o seu trabalho parecem nem sempre estarem pautados diariamente em todos os meios de comunicação, pela precisão do apuramento dos acontecimentos e sua correcta informação. Porém, diariamente, vemos jornalistas atentando contra a moral e os bons costumes das pessoas. Este é um exemplo de delito grave, dizer que fulano cometeu um crime, mas que na verdade ele não cometeu, porque ainda não foi julgado e condenado pela Justiça.
Mas o mais importante ao meu ver: "o jornalista sempre deve ouvir antes da divulgação dos fatos todas as pessoas objectos de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas".
Sustentar a liberdade de expressão, o funcionamento sem restrições da imprensa e o livre exercício da profissão; apurar e publicar a verdade dos fatos de interesse público, não admitindo que sobre eles prevaleçam quaisquer interesses; garantir a publicação de contestações objectivas das pessoas ou organizações acusadas em suas páginas de actos ilícitos ou comportamentos condenáveis; preservar o sigilo de suas fontes e respeitar o direito de cada indivíduo à sua privacidade, salvo quando este direito constituir obstáculo à informação de interesse público (Constituição e Código de Ética).
Portanto, os desvios de interpretação durante uma entrevista e/ou depois na construção deturpada de um texto, podem ter vários motivos: o desejo de auto-promoção do repórter; a mudança de rumo dos fatos, dando-lhe outros significados e sentidos, a fim de satisfazer a linha editorial do veículo de comunicação - supondo que o que mais interessa é a "ética" do meio de comunicação em questão; a montagem tendenciosa na edição, entre outros recursos de manipulação dos fatos.
Embora cada um dos motivos citados seja diferente, todos são desvios de conduta ética jornalística. Isso é algo deprimente para a categoria dos jornalistas que consideram os valores morais e éticos essenciais para o bom desempenho do exercício da profissão e, consequentemente, do profissional.
De acordo com a Declaração Internacional de princípios para a conduta dos jornalistas, é proclamada como um padrão, transmitir, publicar e comentar notícia e descrever acontecimentos. No entanto, o jornalista deverá considerar como graves delitos plágio, deturpação maliciosa, calúnia, injúria, difamação e suborno em troca de publicação ou omissão de notícias, já mencionados à cima. Mesmo assim, tais delitos continuam sendo feitos por jornalistas que não pautam pela ética no exercício da profissão.
Já na Internet, não é muito diferente, em se tratando de desvios éticos. Apesar de ela ter trazido inúmeros aspectos inovadores e revolucionários de comportamento e atitude social, tornou-se corriqueira a pirataria ou cópia indevida de músicas, fotos e textos (mesmo assinados na Rede) jornalísticos ou não. Este ato caracteriza-se como plágio.
No entanto, um mito é acreditar que a cópia não autorizada é boa porque permite disponibilizar a todos a informação. Já muito material de boa qualidade, que poderia estar disponível para todos na Intenet, não está disponível porque os responsáveis temem a cópia não autorizada. Muitos pintores, poetas, fotógrafos e até jornalistas deixam de colocar seu material na web porque sabem que não podem impedir a pirataria.
Outro mito é crer que quem não tem dinheiro para pagar pelo uso de imagens não tem alternativa a não ser copiar sem pedir autorização. Na verdade, em boa parte das vezes, basta pedir permissão para usar, de forma honesta, gratuita dentro dos princípios éticos da Lei, para usar fotos, textos etc. de terceiros. Frequentemente, o autor não pede mais do que a citação do crédito, além de um link para o site original.
Muitas pessoas acham natural a cópia de material alheio, até mesmo por desconhecer que isto é uma prática ilegal. A Internet é repleta de sites que violam os direitos de autor. Alguns inclusive plagiam textos e fotos de outros sites da própria Rede.
Ironicamente, a justificativa geralmente usada pelos meios de comunicação que agem desta maneira coerciva é de que a obra jornalística é uma obra colectiva, isto é, realizada por várias e diferentes pessoas e por isso, impossível de ser individualizada. Mas como? A individualização é elemento constitutivo da criação intelectual. Logo, se a obra não permite a identificação do autor, é porque ela não tem autor! Mas como certos veículos de comunicação podem afirmar tal aberração, que o criador não é um só, mas vários e por isso, ele não é identificável. Neste caso, conclui-se que o autor é o editor, a pessoa jurídica.
”O resultado disso é a perplexidade que ficamos ao ver o jornalista de mãos abanando, sem seus direitos patrimoniais de autor. Maior ainda é o espanto quando sabemos que a mesma matéria por ele preparada e pela empresa apropriada será reproduzida e vendida pelo editor através das suas agências de notícias sem que nem direito ao nome tenha o criador original da obra, o jornalista. O direito de autor que um jornalista possui é aquele que exerce sobre toda criação intelectual por ele produzida e em seu nome divulgada
Sabe-se que o jornalista de um grande jornal diário produz muito mais do que é aproveitado diariamente. O restante não é jogado fora, mas repassado adiante no mercado pelo editor para as agências de notícias. Eis aí uma técnica arrojada de não pagar os direitos de autor ao trabalho dos jornalistas. Aos free-lancers acostumados a negociar com o editor, convém adoptar contratos, prevenindo-se contra os usos indevidos e sempre com cláusulas restritivas a favor do autor. Isto é, a cada uso da obra um novo contrato e uma nova remuneração.
É preciso evitar esses e outros abusos de poder no ponto de vista dos interesses dos jornalistas e na defesa dos seus direitos de autor e criador de uma obra de propriedade intelectual, aliás, reconhecida, mas ainda deficiente.
Como isso, o que se espera é o pleno reconhecimento dos direitos intelectuais da categoria, o devido valor moral e porque não dizer reconhecimento profissional, a que a meu ver não se tem dado a devida atenção.
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